• Trump tinha documentos que colocavam agentes dos EUA em risco

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  • 27/08/2022 07:02
    Por Estadão

    O Departamento de Justiça dos EUA liberou na sexta-feira, 26, uma versão editada do pedido que justificou o mandado de busca e apreensão na casa de Donald Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, no início do mês. O documento teve suprimido os trechos mais sensíveis, para não comprometer métodos de investigação e testemunhas. Mesmo assim, ele revela que papéis escondidos na mansão do ex-presidente comprometiam agentes secretos.

    O documento de 38 páginas – das quais quase a metade estava censurada – oferece a descrição mais detalhada até agora dos registros do governo que estavam armazenados na propriedade de Trump, muito depois de ele ter deixado a Casa Branca, e revela a gravidade da preocupação do governo com o material retirado sem autorização da Casa Branca.

    Pela lei americana, todo documento relacionado ao mandato de um presidente pertence ao governo e não pode ser levado como se fosse propriedade privada, como Trump fez. Ao deixar a Casa Branca, ele deveria ter entregue os papéis para o Arquivo Nacional.

    No entanto, desde que Trump deixou a presidência, os funcionários do Arquivo Nacional desconfiavam que ele estivesse escondendo documentos. Funcionários da instituição acharam estranho, entre outras coisas, que as cartas trocadas com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, não constavam nos documentos enviados por Trump.

    O Arquivo Nacional tentou negociar a entrega dos documentos. Acionados, o Departamento de Justiça e o FBI fizeram o mesmo. Em janeiro, agentes federais receberam 15 caixas de documentos enviados por Trump. Depois de vasculharem as caixas, encontraram 184 documentos confidenciais, incluindo 25 classificados como ultrassecretos.

    ESPIONAGEM

    Com base em vigilância e informações de inteligência passadas por fontes de dentro do círculo de Trump, o FBI foi informado que nem todos os documentos haviam sido enviados. Esgotadas as alternativas, o Departamento de Justiça, então, protocolou uma moção e conseguiu um mandado de busca e apreensão para revistar a mansão. Foi esse o documento divulgado ontem.

    “As caixas (retiradas da mansão no início do mês) continham jornais, revistas, artigos de notícias impressos, fotos, notas, correspondência presidencial, registros presidenciais e muitos registros confidenciais”, diz o documento. “A preocupação é que registros altamente confidenciais foram abertos, misturados com outros documentos e identificados de forma inadequada.”

    Os documentos também poderiam revelar como as agências de espionagem interceptam as comunicações eletrônicas de alvos estrangeiros e dar detalhes das instalações e capacidades do serviço secreto americano. “Documentos classificados nesses níveis geralmente contêm informações de defesa nacional”, diz a declaração.

    Além de ter levado os documentos ao arrepio da lei, Trump é investigado por violações da Lei de Espionagem, que proíbe a coleta, transmissão ou perda de informações de segurança nacional. O mandado também cita a destruição de registros ou ocultação de material do governo.

    Trump insiste que não fez nada de errado, mas já apresentou várias versões para o fato de documentos secretos estarem na sua mansão. Depois de negar que estivessem em Mar-a-Lago, ele acusou o FBI de plantar as provas em sua mansão. Depois, admitiu que havia levado alguns registros, mas que antes ele havia retirado o status de ultrassecreto.

    Em determinado momento, Trump chegou a culpar a Administração de Serviços Gerais (GSA, na sigla em inglês), agência do governo que cuida da mudança dos ex-presidentes, por ter misturado papéis secretos com documentos privados – a GSA rejeitou as acusações e disse que seus funcionários só tocam em material com autorização da Casa Branca.

    MOTIVOS

    A grande pergunta ainda não respondida é por que Trump mantinha documentos ultrassecretos na sua mansão. Especialistas em questões de segurança apontam vários cenários, desde a intenção de usar as informações para tirar alguma vantagem comercial até a possibilidade de o ex-presidente simplesmente se gabar de manter relíquias no porão de Mar-a-Lago para amigos ou visitantes.

    Durante seus quatro anos de seu mandato, Trump frequentemente se referiu ao alto-comando do Exército como “meus generais” e costumava chamar os recursos arrecadados para o Comitê Nacional Republicano de “meu dinheiro”.

    Segundo o New York Times, citando o depoimento de três conselheiros do ex-presidente sobre o caso dos documentos secretos, quando questionado sobre o assunto, Trump dava a mesma resposta sobre os registros: “Eles são meus”. (Com agências internacionais)

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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