Trotes para o SAMU caem 15%, mas ainda prejudicam o atendimento em Petrópolis
A Secretaria de Saúde vem fortalecendo as ações de conscientização para a diminuição dos trotes para o número 192 destinado ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). No ano passado a unidade conseguiu reduzir para 15% o número de ligações, ou seja, dos 31 mil chamados para o serviço, 6.8 mil eram trotes. Mas o número já foi mais alarmante, em 2016, das 42 mil ligações para o 192, aproximadamente 11 mil eram apenas trotes.
Por dia o Samu chega a receber 19 ligações de trote, por ter todas as chamadas gravadas em sistema, o serviço já identificou inúmeras ligações seguidas do mesmo número de telefone. No processo de apuração das ocorrências, a equipe técnica identificou que grandes partes dos trotes foram realizadas por crianças e em horário escolar.
O Secretário de Saúde e autor da Lei 5772/2015 que prevê multa para quem praticar trotes contra o SAMU, Silmar Fortes, explica que o valor e os meios de aplicação da lei ainda serão regulamentados pelo Poder Executivo, mas o departamento jurídico da Saúde já está com a listagem para tomar as medidas judiciais cabíveis.
“O projeto de lei foi criado devido a um levantamento apresentado pelo SAMU em 2015 da alta do número de trotes à Unidade. No ano passado conseguimos a redução para 15% mas precisamos reduzir ainda mais. O que foi identificado é o grande número de ligações realizadas por crianças, em horário escolar. Esses trotes ocupam a linha de quem realmente precisa de atendimento, então é preciso de medidas de educação para a população e penalidades", afirma Silmar Fortes.
No ano passado, foram 31.652 ligações realizadas para o SAMU, sendo 6.896 trotes. As chamadas para o 192 são atendidas pelos TARMs (Técnicos Auxiliares de Regulamentação Médica), que, em alguns casos, conseguem identificar os trotes. Quando a informação falsa não é percebida, os TARMs transferem a ligação para o Médico Regulador, que dá continuidade ao atendimento. Há casos em que o médico consegue identificar o trote, no entanto, quando isso não ocorre, a ambulância é acionada e o trote só é descoberto quando a equipe de socorristas chega ao local.
“Pretendemos criar um projeto, o Samuzinho, para realizamos ações de conscientização nas saídas de escolas e locais de grande circulação. Se identificamos que é uma criança na linha, nós retornamos e alertamos os pais, porém, não podemos ocupar os troncos de ligação com chamadas desta natureza já que há algumas reclamações, inclusive no Ministério Público, de que nossos telefones ficam ocupados e prejudicam o atendimento”, explica o coordenador administrativo do SAMU, José Geraldo da Rocha.
A coordenadora médica do SAMU, Julianna Ozorio, informa que em 56% dos casos atendidos pelo serviço, o problema do paciente é resolvido com a telemedicina, em que o paciente revela ao médico os problemas de rápida solução.
“A telemedicina é uma orientação médica por telefone que pode ser uma dúvida quanto à dosagem de um remédio, como medicar em caso de problemas de pressão ou uma febre alta. Em 22% dos atendimentos em residências, nós conseguimos resolver o problema no local. Por conta disso é tão importante conscientizar a população a não realizar o trote para o SAMU, pois com as ligações desperdiçadas estamos prejudicando o atendimento de quem realmente precisa de socorro”, disse.
Além de Petrópolis, a Central de Regulação do Samu-Serrana, atende também os municípios de São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro, Carmo, Guapimirim, Cantagalo e Cachoeiras de Macacu.