• Tributo a um herói

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  • 24/05/2016 10:45

    O dia 24 de maio de 2016 assinala os 150 anos da Batalha do Tuiuti, o maior e mais sangrento confronto armado da história da América Latina, feito que mudou a face do conflito entre o Paraguai e a Tríplice Aliança (Argentina, Brasil, Uruguai). A refrega deixou   impressionante saldo de mortos e feridos no seio dos exércitos aliados, cerca de 4.000 homens, sendo 3.000 brasileiros e 1.000 integrantes dos batalhões argentinos e orientais (uruguaios), com perda quase total dos valentes soldados paraguaios.

    É partícipe da batalha o Voluntário da Pátria, Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, jovem alferes de 19 anos de idade, meu avô, que se distingue pela bravura e senso de dever, recebendo elogio superior na ordem do Dia nº 7, do Comando em Chefe do 1º Corpo do Exército Imperial,  feito de subida honra, diante de tantos e tantos combatentes anônimos, sequer listados no registro da guerra. O elogio termina com a recomendação do valente rapaz à consideração dos superiores. 

    Em seguida, transcrição do documento: 

    DIRETORIA DO ARQUIVO DO EXÉRCITO – 1ª SEÇÃO. 

    Certifico que da Ordem do Dia nº 7, do Comando em Chefe do 1º Corpo do Exército em operações na República do Paraguai, em Tuiuti, em 25 de setembro de 1866, consta da relação de oficiais inferiores e mais praças deste Corpo, que se distinguiram na batalha de 24 de maio último. Na parte do Comandante do 41º Corpo de Voluntários, é citado o alferes Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, por ter se portado bem, e se mais não fez, é bem conhecida a razão, pois é novo, bisonho, com pouco tempo de instrução e disciplina, contudo o recomendo à consideração de meus superiores. 

    O seu Corpo de Voluntários, 41º, é integrado, no ano de 1866, por 35 oficiais e 363 praças, somando 398 homens. 

    Em seguida participa em toda a sequência, da monumental e sangrenta caminhada do Exército Imperial até Assunção, em missões de risco, combatendo, assumindo patrulhas de observação, proteção de comboios, enfrentando o bom exército paraguaio, sob vigilante observação de seus comandantes.

     Joaquim Heleodoro (II), obtém baixa das atividades militares, para reingresso na vida civil. Passara cinco anos (1865 a 1870) de sua mocidade nas lutas em terras do continente sul e, ao retornar, conta 23 anos de idade. Alçado ao posto de Tenente, obtém promoção na reserva a Capitão. Feito memorável para um jovem voluntário, inexperiente e que ostenta no peito 3 medalhas : Medalha de Mérito e Recompensa à Bravura Militar, Medalha Geral da Campanha do Paraguai e Medalha Comemorativa do Forçamento do Passo de Humaitá.

    Ingressa no funcionalismo civil, como amanuense da Província do Rio de Janeiro e, nessa qualidade, chega a Petrópolis, quando a capital do já então Estado é instalada na serra por força da Revolta da Armada (1894). E aqui progride sua família de origem carioca.

    Poeta, publica 3 livros: "Primogênitas (1970)", "Sertanejas (1873) e "Versos (1898)"; Cronista, produz páginas publicadas na imprensa do Rio de Janeiro, inclusive folhetins de crítica teatral e literária. Integra o corpo da "Sociedade Literária Ensaios Brasileiros", criada em 1861, precursora da Academia Brasileira de Letras, com encerramento das atividades no ano de 1874. Muitos de seus membros, inclusive Joaquim Heleodoro, abraçam a causa republicana e assinam o "Manifesto Republicano" em dezembro de 1870, fundando o jornal "A República".

    Um grande brasileiro, de raro valor, cuja vida e obra é tema do meu livro, em conclusão, "O Poeta-Herói", 2º volume da trilogia "Os Três Heleodoros".

    Joaquim Heleodoro está sepultado em Petrópolis, tendo falecido, aos 51 anos de idade, a 21 de julho de 1898.

    E nesse dia da Batalha do Tuiuti, presto homenagem a ele e a quantos do Município de Petrópolis que residem na rua 24 de Maio e que nada sabem sobre a data.

    Fica a lembrança e o registro.

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