• Tribo de Gonzaga movimenta cenário musical da cidade há 18 anos

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  • 12/maio 08:48
    Por Wellington Daniel

    Com 18 anos de estrada, a banda Tribo de Gonzaga tem sido motivo de orgulho para a cidade de Petrópolis. São responsáveis, desde 2013, por movimentar o Carnaval na Praça da Liberdade e, apesar de independentes, estão conseguindo angariar espaços até mesmo no cenário nacional, com ouvintes cativos em capitais como São Paulo e Belo Horizonte, por exemplo, além de apresentação em festivais relevantes.

    Em entrevista à Tribuna de Petrópolis, a banda relembra sua trajetória, que já rendeu quatro álbuns, dois EPs e diversos singles. A formação atual é composta por Toni Magdalena (voz e triângulo), Gabriel Tauk (baixo e voz), Fernando Madá (zabumba e voz), Caíque Antunes (violão e voz) e Dominique Rabello (flauta, sax e voz).

    Como tudo começou

    A história da banda começa ainda na década de 1990, quando Magdalena tinha uma banda de forró. Depois, começou um movimento de teatro infantil, com um olhar especial para a cultura nordestina. “O núcleo da banda veio desse espetáculo infantil”, conta Magdalena.

    Até que, em 2005, a cidade viveu um momento difícil. Um surto da “febre do carrapato” (febre maculosa) afastou os turistas. Nesta época, surgiu um convite que fez a diferença para a carreira da Tribo.

    “As donas do Nucrepe, que eram nossas amigas, nos ligaram querendo um forró. Estávamos em Curitiba e disse que, quando a gente voltasse da temporada, faríamos um forró lá. E aí fizemos, numa quinta-feira. O aumento de movimento foi exponencial”, afirmou Magdalena.

    Dali, o espetáculo infantil foi para a gaveta e o forró começou a ganhar espaço. Até que, em março de 2006, foi fundada a Tribo de Gonzaga definitivamente. O nome refere-se a cultura do Nordeste, com forte inspiração em Luiz Gonzaga.  Foi então que a banda começou a buscar um novo horizonte. “Tivemos a felicidade e inquietude de buscar composições autorais. Aproveitando, que estava em uma leve ascensão, tivemos coragem de colocar nossas músicas”, relatou o vocalista.

    A técnica independente

    Hoje, a banda é predominantemente autoral, apesar de sempre gravar também algum artista já consolidado e de referência no forró. As gravações, aliás, são um desafio à parte. Como independentes, os próprios músicos são responsáveis pelo processo.

    “O primeiro disco, a gente gravou no meu quarto e o último, também”, brinca Gabriel Tauk, que se especializou nesta parte.

    O baixista montou um estúdio, além de buscar se especializar em detalhes técnicos, como a masterização. O processo começa com a ideia de uma música, que é desenvolvida em conjunto, até chegar ao estúdio.

    “Não mudou muito o processo. Em 2006, a gente lançava CD e hoje só jogamos no streaming. Mas, tirando isso, é o mesmo processo”, relatou Tauk.

    Novos tempos

    O streaming, inclusive, tem sido um diferencial para a banda. Nesta parte, contou a chegada de um membro novo, mas já muito acostumado com o ambiente da Tribo de Gonzaga. O violonista Caíque Antunes é filho de Magdalena e sempre esteve envolvido nas atividades. Agora, reforça o time.

    “Chegar na banda é uma coisa estranha, mas muito natural. Parece que sempre foi assim”, comemorou.

    “Não foi forçado, mas foi como um rio indo”, considerou Magdalena.

    Além dos streamings, Antunes também está envolvido nas redes sociais e já apresenta algumas músicas. No palco, o violonista consegue perceber uma renovação do público. Para ele, o forró ainda está presente, apesar de hoje ter menos destaque nas mídias.

    “Acho que o forró, como a Tribo também segue esse processo, está na nossa vida sem a gente perceber. Você vai numa festa e escuta. O forró vai estar ali e você nem estará percebendo”, afirmou.

    A cultura na cidade hoje

    Hoje, “na penúria”, a banda consegue viver da música. Os artistas também defendem um programa governamental em defesa da arte, além de pagamentos dignos em eventos.

    “O artista não pode receber com cerveja e comida. Ele tem que receber em dinheiro”, disse Magdalena, considerando que os músicos também precisam pagar contas.

    Para eles, nestes 18 anos na estrada, o cenário cultural para os músicos piorou. Citam alguns problemas, como restrições para shows, por exemplo, na Praça da Liberdade. A valorização da arte, na visão da banda, também contribui para o turismo, o que pode fazer impulsionar o setor na cidade.

    “A gente sente que a cidade está meio à deriva e vemos que o turismo é a saída para Petrópolis”, afirmou Gabriel Tauk.

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