Treine o físico e o emocional

Já disse aqui que treinamento esportivo não é uma receita de bolo e cada atleta reage de modo diferente em cada situação e os desafios que encontra pela frente. Sendo assim, os testes físicos e avaliações biomecânicas fornecem dados para o treinador prescrever cada tipo de treinamento e intensidade adequada em cada fase da periodização. Entretanto, a parte psicológica talvez seja a mais difícil de ser avaliada e que ainda pouca importância a ela se dá. Juntar essas duas partes num todo é o problema. Tem atleta que treina bem e na competição não rende o esperado. Outros, treinam mau e rende mais na competição. O perfil psicológico pode mudar a todo instante impulsionado pela ansiedade diante de cada tipo de problema a ser enfrentado. O atleta para executar um treino forte e/ou competir tem que estar física e emocionalmente descansado. Ele (a) pode estar fisicamente descansado, sem nenhum sinal de desgaste ou fadiga, mas estar ansioso (a) por motivos alheios à competição. Doença e/ou desavença na família, preocupação com o trabalho entre outras questões. O treino forte e/ou a competição não vai render. O treinador experiente precisa ter esse “feeling” e não ser apenas técnico. É quase um psicoterapeuta também. A famosa frase “Mens Sana in Corpo Sano” do poeta romano Juvenal 509 a.C. – 27 a.C. revela bem isso assim como os gregos pregavam que a inteligência e a habilidade só podem funcionar se o corpo estiver sadio e forte. Na Grécia antiga a definição de treinador ideal era citado como uma espécie de psicólogo além da capacidade de prescrever o exercício certo para o atleta certo. O treino estímulo x recuperação já era descrito por Flavius Philostratus (170-245 a.C.) no “Manual para o treinamento ginástico”.

Ao contrário á crença ainda comum, segundo Bompa (2002), os traços psicológicos são também treináveis relacionados à disciplina, perseverança, força de vontade, a confiança e a coragem. Weinberg e Gould (2001), cita que habilidades psicológicas são frequentemente negligenciadas por conta da crença que são capacidades inatas, mas não é bem assim. Eu já tive atleta que treinava bem e competia mau dominado pela ansiedade pré-competitiva. A palavra competição soava como um horror. Em conclusão disciplina, perseverança, força de vontade, confiança e sobretudo coragem são componentes psicológicos treináveis tanto quanto técnicas aplicadas à Fisiologia do Exercício. Prof. Moraes

Literatura Sugerida: 1) WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

2) MACHADO, Afonso Antonio , ZANETTI Marcelo Callegari e Lavoura Tiago Nicola .Os Estados Emocionais e a Importância do Treinamento Psicológico no Esporte. 2008. Disponível em:

http://cev.org.br/biblioteca/os-estados-emocionais-e-importancia-treinamento-psicologico-esporte/