• Trap permite levar as narrativas periféricas para o topo das paradas

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  • 06/06/2023 20:20
    Por Bárbara Correa / Estadão

    Para Thiago Veigh, “o funk e trap conversam com o mesmo público, mas em beats diferentes. No meu álbum, coloquei várias vertentes de batidas do próprio trap, como o plug (foco maior nas melodias e acordes mais elaborados) e jersey (gênero da música eletrônica popular no hip hop), para eu me consolidar como artista versátil”.

    Sobre as letras de Dos Prédios Deluxe, ele diz: “Falo muito sobre superação, mas não de uma forma triste, com batidas emocionais e uma voz emotiva. Canto sobre isso nos shows com as pessoas pulando, falo sobre relacionamentos e pautas sérias, mas de forma leve”.

    Já Kayblack criou Contradições a partir da experiência de um relacionamento que chegou ao fim. “Eu falo bastante de amor, mas o trap também representa muito o que nós, pessoas da periferia, vivemos, o que queremos vestir, quem queremos ser, falar e o que um dia queremos alcançar”, reflete.

    MOLEJO

    “O trap brasileiro tem um molejo diferente, uma pegada melódica mais de samba e pagode, é a cara do Brasil. É um ‘tempero’ que vem de um canto africano e uma mistura de instrumentos que usamos aqui”, diz Kayblack. Assim como ele se inspirou na ascensão do irmão Caveirinha e percebeu que era possível “furar a bolha” e trazer narrativas periféricas para o topo das paradas, Veigh via nos funqueiros a possibilidade de mudar de vida. “Eu queria ser igual àqueles que faziam o funk ostentação, com cordão de ouro. Hoje, tenho um dente de ouro, ando com roupas que eles usam. Mas é muito difícil chegar nesse lugar”, reflete.

    “Agora, faço show de graça na ‘quebrada’, porque gosto de mostrar que consegui fazer as coisas acontecerem. Eles não têm muitas inspirações. De onde vim, fui o primeiro artista a crescer assim e carrego a responsabilidade de mostrar que é possível”, acrescenta.

    As letras muitas vezes parecem escapistas ao exaltar uma figura rica, chapada e poderosa. Mas a lição, segundo Kayblack, é “dar a voz à nossa periferia e mostrar para quem está lá que o trap é a oportunidade que eles podem ter de mudar de vida”.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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