• Trânsito caótico vira rotina na cidade

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  • 26/11/2018 16:00

    Diariamente, Ana Cláudia Moraes leva em torno de uma hora a uma hora e meia para chegar ao trabalho. A apenas 12 quilômetros do embarque até o seu destino, ela gasta por dia quase três horas para ir e voltar do trabalho. A primeira vista, quem lê o relato da jovem pode pensar que ela mora em grandes centros urbanos, como no Rio de Janeiro ou São Paulo, mas não. Todos os dias, do Centro da cidade até Itaipava, onde trabalha, utilizando apenas um ônibus para se deslocar, Ana Cláudia passa por, pelo menos, três pontos críticos de congestionamento.

    Em 2008, o município contava com o total 76.587 mil automóveis. Já em 2018, o número passou a ser 114.020 mil. De acordo com os dados do Detran RJ, nesses anos o município ganhou 61.347 novos veículos, contando automóveis, motocicletas, caminhões, ônibus e veículos rurais. Sem ter mais como comportar esse crescimento, ruas que fazem ligações entre bairros e distritos com o Centro da cidade se transformam em pontos críticos de um congestionamento que já é crônico. 

    “Não tem motivo, não precisa chover para travar o trânsito. Alto da Serra, Rua Treze de Maio e a Rua do Imperador, em alguns horários, ficam insuportáveis. Falta educação dos pedestres e motoristas e sobra imprudência. A cidade não comporta mais a quantidade de veículos do jeito que está”, disse o taxista João Gomes da Silva, que trabalha há 20 anos no ponto na Rua Dr. Porciúncula.

    Para o arquiteto e urbanista Orlindo Pozzato, o principal desafio enfrentado hoje é a má gestão do trânsito na cidade. “De forma pontual podemos listar em primeiro lugar o grande fluxo de ônibus no Centro da cidade. Falta um plano que concilie a necessidade de atender bem o usuário e também atenda a demanda das empresas e o fluxo do trânsito. Em segundo lugar, o desrespeito à legislação de trânsito. Na Avenida Ipiranga, por exemplo, por causa do grande número de escolas na rua, há um congestionamento rotineiro no local. Os pais cruzam as faixas para entrar nas escolas, e dão um nó no trânsito”.

    Na Estrada União e Indústria, usuários relatam pontos críticos de engarrafamento em Corrêas, Bonsucesso e Itaipava. Arquivo Tribuna.

    Como terceiro ponto, o arquiteto e urbanista destaca a necessidade de aumentar a infraestrutura da cidade para atender o crescimento de pedestres e veículos nas ruas. “É preciso um planejamento para que a cidade cresça em proporções iguais. Em um primeiro momento deve ser feito um disgnóstico da cidade, onde são os pontos mais afetados, que merecem mais atenção? Para onde a cidade pode se desenvolver? É um trabalho que precisa ser feito em conjunto. Colégios, oficinas mecânicas, supermercados com carga e descarga são alguns exemplos de estabelecimentos que são autorizados em pontos que, com o fluxo intenso de veículos, vão causar um congestionamento, se não estiver preparado”.

    Rua Paulino Afonso, no Bingen, trecho entre Quissamã e Itamarati, Rua Hermogêneo Silva, na altura da entrada do Carangola, Praça Pasteur, Rua Teresa na altura do Hipershopping, toda a extensão da Rua Washington Luis, no Centro, Rua Ipiranga, também no Centro, e Estrada União e Indústria nos trechos entre o Prado e a Praça de Corrêas, no Trevo de Bonsucesso e próximo ao Terminal Itaipava. Os usuários listaram quais são os pontos de mais retenção em horários de “pico”. 

    Enquanto isso, muita gente tem deixado o carro em casa e buscado alternativas para fugir do trânsito. O jornalista Carlos Miranda mora em Pedro do Rio e trabalha no Bingen. Apesar de o carro ser mais cômodo, ele prefere vir de ônibus executivo para evitar a procura por estacionamento e, claro, o aborrecimento. “Venho para o trabalho no Progresso, que faz a linha Areal x Bingen, pra mim é uma mão na roda. Levo em média 40 minutos para chegar no trabalho. Apesar do horário acabo vindo no ônibus no contrafluxo, e fujo do trânsito. Os ônibus da Turb que fazem a linha Itaipava x Centro, além de terem um péssimo serviço, estão sempre lotados e param em muitos pontos, eles encaram todo trânsito”. 

    Prefeitura está realizando consultas públicas para a confecção de um plano de mobilidade urbana

    Desde outubro, a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transporte (CPTrans) vem realizando consultas públicas para a confecção do Plano de Mobilidade Urbana do município. Já foram discutidos temas como transporte coletivo, patrimônio histórico e feiras e cargas e fretamentos. A consulta está sendo feita também de forma online, no site www.petropolis.rj.gov.br/cptrans. Lá a população pode opinar sobre as propostas já feitas e indicar novas propostas para os temas.

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