• Tragédia anunciada: Morro da Oficina é mapeado desde 2007 como de alto risco

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 20/02/2022 02:20

    Em 2007, Petrópolis, depois de sucessivas tragédias, passou a contar com um estudo – apenas do 1º distrito – sobre as áreas de risco, publicado em 2011 pelo então Ministério do Desenvolvimento Regional. E lá estava a Rua Oswero Vilaça, mais conhecida como Morro da Oficina, no Alto da Serra, também local de vários deslizamentos de barreiras em anos anteriores e hoje o local mais crítico da nova tragédia. Neste primeiro estudo, 439 casas eram apontadas com grau de risco.

    Imóveis seriam regularizados

    O estudo, no entanto, não foi impeditivo para que a prefeitura assinasse contrato com Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão para cessão gratuita, pela União, da área da comunidade, em 2016. Seria o primeiro passo para processo de regularização fundiária de 720 casas. E os moradores passariam a ter título de posse da área da União, imóveis mesmo sendo avaliados como de risco pelo estudo?

    De novo no ranking

    Até 2017, a localidade não recebeu medidas preventivas e naquele ano foi finalizado um estudo mais completo iniciado três anos antes, o Plano Municipal de Redução de Riscos, realizado pela mesma empresa do plano anterior, a Theopratique Obras e Serviços de Engenharia e Arquitetura, contratada pelo município por R$ 400 mil, com recursos federais, abrangendo, desta vez, toda a cidade. 

    27 mil casas em áreas de risco

    E de novo o Morro da Oficina aparece como a localidade com mais casas em perigo dentre as 102 regiões levantadas. São 729 imóveis em situação frágil. Em segundo lugar, no ranking da tragédia anunciada vem o Vai Quem Quer. Na cidade toda, já naquela época, já eram 27.704 imóveis considerados de risco alto ou muito alto, coisa de 47 mil pessoas. Uma das ‘soluções’ é a remoção de comunidades inteiras, programa milionário que nunca foi iniciado.

    Talvez imagens como esta não tenham chegado ao governador Claudio Castro que chegou a dizer que “gente demais não adianta”, em relação à cobrança por mais bombeiros. Mas olhem uma das muitas imagens postadas em redes sociais: pessoas comuns, sem equipamentos com, no máximo enxadas na mão. Nesta luta contra o relógio pela busca de sobreviventes é preciso, sim, gente que saiba lidar.

    Lata Velha

    A presença em Petrópolis de Luciano Huck, o apresentador que vez ou outra ensaia ser candidato a presidente não causou uma boa impressão unânime, não.  Huck visitou a Igreja de Santo Antônio do Alto da Serra, em demonstração de solidariedade. Mas um padre, que estava por lá tascou: ‘veio trazer geladeira velha e fazer selfie’.

    Oportunidade

    E foi aí que ficamos pensando. De fato, as pessoas não tão mais topando de boas essa presença de pessoas públicas em locais de tragédia como essa que nos assola.  Político, então… Mas, os conhecidos. Porque o que subiu de político do Rio e das vizinhanças não tá no gibi. E esses que não são reconhecidos ainda conseguem alguma audiência.

    Vale do Cuiabá em 2011 (foto agência estado) e Rua do Imperador 2022 (foto de rede social). É o mesmo e triste cenário.

    Provocação

    O trânsito está uma loucura com muitas ruas fechadas e com fluxo de carros se concentrando naquelas onde há passagem. Os motocas estão salvando a pátria com o transporte de todo o tipo de coisa para todos os lados. Mas, eles estão abusaaaaados. Um deles, na tarde de ontem passou por uma viatura da PM no Valparaíso fazendo aquele ran-dan-dan. E na contramão.

    De boas

    Além do turismo na tragédia (pessoas passeando a pé pelo Centro Histórico, principalmente idosos, fazendo fotos do cenário de destruição) tem aqueles que tão nem aí. Ontem à tarde na Praça Pasteur, pandemônio de engarrafamento, viaturas abrindo passagem, voluntários com lama até na alma, máquinas limpando a rua, tinha três amigos tomando uma geladinha no bar da esquina apreciando o movimento.

    Tiro no pé

    Bomtempo fez a linha fino ao ser perguntando na coletiva de imprensa sobre o Plano Municipal de Riscos de Acidentes de 2017 que não foi colocado em prática. “Não quero falar de meus antecessores”, disse. Mas mandou mal quando falou “estou chegando agora”, se referindo à posse que completou dois meses.  Ele também não tem como criticar antecessores. Porque antes dele só teve Bernardo Rossi e Hingo Hammes. E antes desses foram três mandatos de Bomtempo e um do seu vice atual, Mustrangi. Já são 16 anos só aí.

    Contatos com a coluna: lespartisans@tribunadepetropolis.com.br

    Últimas