Torre de celular emitiu os sinais que afetaram voos no Aeroporto de Guarulhos, diz Anatel
Uma torre de celular foi a origem dos sinais interferentes que afetaram os Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS, sigla em inglês), do Aeroporto Internacional de Guarulhos, e que provocaram atraso e até cancelamento de voos, nesta terça-feira, 3. É a segunda vez em menos de uma semana que o terminal registra operações afetadas em razão de problemas no funcionamento deste sistema, que serve como um GPS aos aviões.
Mais cedo, na terça, a Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel) já tinha informado a identificação, pela manhã, de “sinais interferentes” que teriam interferido no funcionamento do GNSS. Em novo pronunciamento à tarde, a agência afirmou que fiscais da Anatel encontraram a fonte destes sinais (uma torre de celular), e que a interferência foi cessada assim que os técnicos desligaram a torre.
“A equipe de fiscais esteve em fase de atuação e buscas para localizar a fonte da interferência e assim solucionar o problema. Na tarde de hoje (terça) os fiscais encontraram a fonte de interferência, uma torre de celular. Os fiscais desligaram a torre e fizeram testes de medição. A interferência foi cessada”, disse a Anatel, em nota. O localização da torre não foi informada pela agência.
A GRU Airport, responsável pelo aeroporto, confirmou que algumas empresas aéreas enfrentaram atrasos pontuais nas decolagens nesta terça, mas que os sistemas de navegação aérea estavam operando normalmente desde o início da tarde.
Cancelamento e atraso de voos
A interferências ao GNSS provocaram alterações nas atividades de algumas companhias aéreas e afetaram as viagens de passageiros.
A Azul informou em nota que, por conta de problemas no sistema de GPS do aeroporto de Guarulhos, os voos AD4826 (Guarulhos-Curitiba) e AD2818 (Curitiba-Guarulhos) precisaram ser cancelados, enquanto que voos AD4769 (Guarulhos-Cuiabá), AD2836 (Guarulhos Recife), AD6072 (Guarulhos – Belém), AD4830 (Guarulhos-Curitiba) e AD2749 (Guarulhos Recife) decolaram com atraso.
“Os clientes impactados estão recebendo toda a assistência necessária, conforme prevê a Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e serão reacomodados em outros voos da Companhia”, disse a Azul. Conforme a empresa, ações como atrasos e cancelamentos foram feitos para “garantir a segurança das operações”.
A Gol Linhas Aéreas declarou ter registrado “impactos pontuais” na sua operação no aeroporto na manhã desta terça-feira, devido a interferências no sinal do sistema GPS. Segundo a empresa, todos os clientes afetados receberam as facilidades previstas que outras companhias aéreas também foram afetadas.
A Latam informou que suas operações no terminal de Guarulhos já estavam normalizadas no começo da tarde. “Algumas decolagens sofreram atrasos na manhã desta terça-feira (3/9) devido a questões técnicas do aeroporto, fato totalmente alheio ao controle da Latam”, informou, em nota. A empresa não divulgou os voos afetados.
Falha anterior
Uma falha no sistema de navegação já havia causado atraso e cancelamento de voos na manhã da última quinta-feira, 29. Segundo a Anatel, na ocasião, o problema foi provocado pela presença de sinais de radiofrequência que interferiram com o sinal de GPS/GNSS do aeroporto, afetando as operações aéreas.
Uma primeira análise feita pela agência indicou que o sinal teria partido do centro de Guarulhos. De acordo com a Anatel, o sinal interferente deixou de ser detectado antes que a fonte pudesse ser localizada, mas a agência continuou monitorando o espectro na região.
A transmissão de radiofrequências sem autorização configura crime federal.
A Força Área Brasileira (FAB) também precisou ser acionada para ajudar a GRU nas investigações, por meio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), e a diminuir os impactos causados pelo problema.
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que uma aeronave do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV) fez “a inspeção de radiomonitoragem no entorno do aeródromo” para identificar o que afetou a capacidade dos GNSS das aeronaves, e que o Decea dispõe de “procedimentos alternativos ao sistema de navegação para dar continuidade às operações de pousos e decolagens sem interrupções”.