• “Tive que conciliar a minha vontade de dar certo enquanto profissional com a de ser a melhor mãe possível”, diz produtora cultural

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • Por Aghata Paredes

    Conciliar a carreira profissional com a maternidade é um desafio complexo enfrentado por muitas mulheres. A necessidade de equilibrar as demandas do trabalho com as responsabilidades de cuidar dos filhos pode gerar grandes conflitos, mas também grandes movimentos, pautados pelo desejo ainda mais forte de ir em busca daquilo que se sonha. 

    Catarina Maul, escritora petropolitana, enfrentou essa situação ambivalente desde o início de sua carreira cultural, aos 29 anos. “Quando me tornei mãe, estava em ascensão em minha carreira cultural. Coordenava um projeto de poesia de sucesso, os prêmios literários da cidade e começava a produzir eventos culturais. Tive que conciliar a minha vontade de dar certo enquanto profissional com a de ser a melhor mãe possível. Parece que Deus protege as mães, pois os dias pareciam ter 40 horas. Fui mãe de levar pra fazer piquenique, estar em todo evento de escola e de organizar as comemorações. O que mais mudou em mim foi a sororidade, pois só sendo mãe pra gente entender a luta de outra mulher”, conta.

    Enquanto buscava equilibrar as diferentes áreas de sua vida, a produtora cultural garantiu que seu filho crescesse em um ambiente cercado pela arte e cultura. “Ele cresceu em meio a livros, ensaios de teatro, cantoria, rodas de chorinho e bastidores de rádio e TV. Ele é meu sócio na Bem Cultural [Editora], lê 3 livros por vez e escreve super bem. Aprecia muito arte, exposições, espetáculos e ouve música o tempo todo, mas preciso admitir que ele não curte poesia”, lembra. 

    Desde a pressão de estar presente em todas as fases do desenvolvimento dos filhos até a culpa por deixá-los sob os cuidados de terceiros, as mães frequentemente se veem lutando para encontrar um equilíbrio entre suas aspirações profissionais e seu papel de cuidadoras. Essa difícil tarefa é agravada por expectativas sociais, falta de apoio institucional e barreiras estruturais que podem limitar as oportunidades de avanço na carreira para as mães.

    Apesar dos desafios, Catarina reconhece a importância de aceitar suas próprias limitações enquanto mãe e profissional. “Penso que ser mulher é um grande desafio, pois ainda nos delegam, quase universalmente, a tarefa de cuidar. Eu, que fui filha de uma dona de casa, tive que trabalhar a culpa que sentia ao deixar o filho com a babá para produzir um evento à noite, para fazer uma viagem de trabalho. Mas fico feliz quando ele diz que admira a profissional que sou, as conquistas que realizei. Ou seja, não precisamos ser perfeitas em todos os papéis, temos que ser as melhores que conseguimos ser”, ressalta, encorajando outras mulheres a perseguirem seus sonhos. “Infelizmente, há muitos degraus a subir para que as mulheres tenham o conforto e a equidade para serem mães, mulheres, profissionais,  num mundo machista, onde é exceção que um homem exerça plenamente seu papel de pai e divida as obrigações do cuidado com a mãe, sobretudo quando separados. Eu só posso dizer para as demais mulheres que foquem em suas carreiras, em seus sonhos, ainda que todas as dificuldades existam. Pois o trabalho pode nos proporcionar algo precioso, a liberdade. Nunca foi fácil, mas sempre foi maravilhoso!”

    Sob a liderança da petropolitana, a Editora Bem Cultural apoia e promove as vozes não apenas das mães escritoras, mas de mulheres como um todo em sua equipe. “Além de realizar sonhos e projetos editoriais de muitas mulheres, inclusive trans, procuramos incluir em nossa equipe mulheres mães. E assim sendo, também procuramos ter um olhar sensível e de sororidade para elas, que muitas vezes enfrentam dificuldades que já conheço de perto. A hora mais difícil para as mulheres é quando as oportunidades lhes são negadas por terem bebês, por engravidarem, por terem filhos com alguma doença ou que precisam de uma atenção maior. Nessa hora que as mulheres precisam se unir, se apoiar, ter a verdadeira sororidade”, explica. 

    Catarina Maul destaca também a importância de superar a culpa nesse processo, trazendo à tona o aspecto humano. “Considero meu mantra diário me lembrar que aqui mora uma mãe, mas também mora uma empresária, uma mulher sagitariana que ama a vida e ama viajar, uma escritora, uma leitora, um ser humano imperfeito que busca colaborar com o planeta. Eu sou somente mais alguém fazendo sua minúscula parte. Aí não rola mais a culpa, da qual só me libertei quando amadureci”, conclui.

    Mais sobre a Bem Cultural 

    A Editora Bem Cultural faz parte da Bem Cultural Comércio Produções Artísticas e Culturais, uma empresa petropolitana dedicada à promoção da arte e cultura. Especializada na produção de livros e revistas, a editora é liderada por Catarina Maul e já lançou mais de 60 títulos. 

    Últimas