• Testemunha de defesa de Gabriel Monteiro nada acrescentou, diz integrante do Conselho de Ética

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  • 09/06/2022 20:13
    Por Rayanderson Guerra / Estadão

    Duas testemunhas de defesa do vereador Gabriel Monteiro (PL) prestaram depoimento, na tarde desta quinta-feira, 9, ao Conselho de Ética e Decoro da Câmara Municipal do Rio no processo ético-disciplinar que pode levar à cassação do ex-policial militar. Foram ouvidos o perito criminal Leandro Lima, contratado pelos advogados de Monteiro para periciar um dos vídeos citados no processo, e o policial militar Bruno Novaes Assumpção, cedido pela Casa para escolta do vereador. De acordo com os vereadores integrantes do conselho, as testemunhas pouco acrescentaram para esclarecer os supostos crimes de estupro, assédio e de manipulação de vídeos nas redes sociais.

    O perito Leandro Lima, primeira testemunha ouvida pelo conselho, foi contratado pela defesa de Gabriel Monteiro para periciar o vídeo em que ele beija o pescoço de uma menor de idade, faz cócegas e acaricia a criança de 10 anos de idade. De acordo com os vereadores, Murmura apresentou a análise de um vídeo diferente do que foi anexado ao processo no Conselho de Ética, o que, em tese, invalidaria o laudo apresentado.

    Presidente do conselho, o vereador Alexandre Isquierdo (União Brasil) disse que o vídeo apresentado pela defesa de Gabriel Monteiro não tem valor jurídico. “Como foi requerido pela defesa a presença do perito e a análise feita pelo psicólogo, fizemos a oitiva para assegurar a ampla defesa. Embora a cena seja muito semelhante àquela em que o vereador leva a menina no salão de cabeleireiro, não era efetivamente o vídeo que consta nos autos. Por isso, para além da formação da opinião dos membros do conselho, não terá utilidade”, disse.

    Já o advogado do vereador diz que os vídeos periciados contêm o mesmo cenário, as mesmas pessoas e relata a mesma situação em investigação no conselho: “Os depoimentos foram ricos em detalhes, deixando claro que aqueles depoimentos das testemunhas arroladas pelos membros da comissão não passaram de meras falácias e conjecturas. Quando o parlamentar o perito nós ainda não tínhamos tido acesso ao vídeo consignado no processo. Todavia, o vídeo é o mesmo. Não estamos falando aqui de cenários diferentes”, diz.

    A segunda testemunha foi o policial militar Bruno Assumpção, que trabalha na escolta do vereador. De acordo com a vereadora Teresa Bergher (Cidadania), o depoimento pouco acrescentou: “Pra mim, o depoimento pouco ou nada acrescentou. Ela tentou descaracterizar o depoimento da Luiza (uma das testemunhas que acusou Gabriel de assédio), apenas isso”.

    Prorrogação do processo

    O Conselho de Ética deve prorrogar o prazo para concluir o processo por quebra de decoro contra Monteiro. Segundo o relator do processo, o vereador Chico Alencar (PSOL), o prazo para a entrega do relatório terminaria na próxima semana, no entanto, os depoimentos precisaram ser adiados, o que comprometeu o calendário do processo. Segundo Alencar, caso o pedido de novo prazo seja aprovado, o processo deve terminar no início de agosto.

    Pedido de blindados

    Os integrantes do conselho voltaram a relatar que estão recebendo ameaças nas redes sociais de seguidores do vereador Gabriel Monteiro. De acordo com Chico Alencar, parte das mensagens são xingamentos e ofensas contra os parlamentares, mas há também ameaças físicas.

    Cinco dos sete vereadores pediram à direção da Casa que lhes providencie carros blindados. Eles também já solicitaram uma varredura em seus gabinetes e telefones celulares. Suspeitam que são alvos de escutas clandestinas. Os parlamentares afirmam se sentir ameaçados e intimidados por seguidores do parlamentar. As pressões chegam pelas redes sociais. Eles anunciaram que vão denunciar as ameaças à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI).

    Outro motivo de receio é que um ex-assessor de Monteiro, Vinicius Hayden Witeze, de 33 anos, morreu vítima de uma capotagem na noite de sábado, 28. O carro que ele dirigia virou em uma curva, em uma estrada na Região Serrana fluminense. Três dias antes, Witeze prestou depoimento ao Conselho de Ética fazendo acusações ao vereador. A investigação policial não encontrou indícios de que o incidente tenha sido provocado, mas essa hipótese ainda não foi oficialmente descartada.

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