Tenho sangue nas veias
Tenho sangue nas veias e por mais de cinco décadas protestei contra a insanidade de nossos políticos e os desmandos desta sociedade acomodada, como bem o comprovam as mais de duas mil cartas aos jornais. Hoje cansei – não aguento mais tanta falta de caráter da maioria dos políticos que vendem a alma por dinheiro. Mas no meu entorno, o que acontece diante de mim, não consigo me controlar e tenho que protestar, mesmo que eu seja um grão de areia perdido neste imenso deserto de pessoas que teimam em não enxergar, por comodidade ou indiferença.
Não me julgo um insano, mesmo que tome atitudes como tal; sou equilibrado apesar de totalmente oposto aos demais. E se sou contrário aos demais serei, certamente, um paradoxo ambulante neste solo de ninguém. Há momentos na vida que temos de reagir com firmeza diante de determinadas situações quando agridem nossos princípios e mexem com nossa estrutura.
Recentemente, por força dos fatos, me vi obrigado a enviar, para um grupo de pessoas, um texto que assim iniciei: – O filósofo francês Denis Diderot, sentenciou: – “Sorvemos de um só gole a mentira que nos adula e somente gota a gota é que bebemos a verdade que nos amarga”. Portanto, não me julgo isento de críticas, nem superior a ninguém, mas também não sou todo mundo, sou apenas eu! Pelo menos tenho a satisfação interior de nunca ser relapso e, mesmo que me julguem agressivo, radical ou antipático, nunca poderão me acusar de apático. Eu sou eu e é o quanto basta, pois o que é grave e necessário dizer, digo, sem precisar olhar para trás, já que não agrido fatos – eles por si me defendem e me garantem.
Por outro lado, no dia 27.11, agi como julguei ser minha obrigação de cidadão, diante do vandalismo na praça D. Pedro por desocupados. E da mesma forma venho agindo – em situação oposta mas similar – contra o vandalismo que se está fazendo para desmoralizar, por inércia e incompetência, nossa primeira e única Academia no país, dedicada exclusivamente à poesia, que sobrevive há 31 anos. É minha maneira franca de agir, sem rodeios. Chaplin já dizia: “Para triunfar o mal basta que os bons fiquem de braços cruzados”.
E se assim ajo, não é pela minha idade, se sempre fui assim mas, em poucas palavras é que, realmente, chego a me sentir diferente sem querer sê-lo, por uma série de fatores em minhas atitudes. Não sinto orgulho de nada, somente uma satisfação interior pelo que faço de certo e se for necessário fazer, dentro de minha capacidade e possibilidade, faço sem titubear. Sei que não sou “politicamente correto”, mas sigo meu caminho assim.
jrobertogullino@gmailcom