• Temer elogia Motta, critica ‘instabilidade’ no governo Lula e pede respeito à Constituição

  • 12/abr 12:23
    Por Adriana Victorino / Estadão

    O ex-presidente Michel Temer (MDB) aconselhou, neste sábado, 12, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos) a “exercer o papel que a Constituição lhe entrega”, elogiou a atuação do parlamentar e afirmou que “divergências internas” estão gerando “instabilidade” no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O emedebista participou do primeiro painel da 11ª edição da Brazil Conference, realizada em Harvard pela comunidade de estudantes brasileiros da instituição, nos Estados Unidos.

    Temer afirmou que apesar de jovem, Motta deverá ter boa atuação na Casa, assim como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil). Segundo o emedebista, os dois farão um “belíssimo papel” à frente do Legislativo. “Tenho absoluta convicção, conhecendo, como os conheço, que eles vão cumprir rigorosamente os termos constitucionais” e vão contribuir para a “democracia plena” no País, afirmou.

    O ex-presidente ressaltou ainda a importância da harmonia entre os três Poderes e elogiou o trabalho do Supremo Tribunal Federal (STF), que, nas palavras dele, “fez um esforço extraordinário para manter em pé inteira a democracia brasileira”. No último mês, a Primeira Turma do STF declarou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados réus por tentativa de golpe de Estado.

    O emedebista afirmou também que há um equívoco sobre o papel da oposição ao governo. Segundo ele, a oposição existe para fiscalizar a gestão e “impedir o poder absoluto”. “Se eu disputar a eleição e perder, eu devo destruir aqueles que ganharam a eleição? É uma incivilidade política. É contra os interesses do povo”, disse.

    Para Temer, ‘divergências internas geram instabilidade’ no governo Lula

    Segundo o ex-presidente “divergências internas” dentro do governo Lula acabam “gerando instabilidade” na gestão petista. “Eu vejo uma certa dificuldade no econômico, sem embargo do esforço do Haddad (ministro da Fazenda), eu vejo que há muita divergência interna no governo. Isso não é útil”, disse.

    “Quando um ministro piscava feio para o outro, eu chamava os dois, acertava as coisas na minha sala. Aquilo não ia para a imprensa. Eu acho que neste momento o que há é isto. Seja em função do partido, seja em função do ministério, há muita divergência. Isto causa uma certa instabilidade”, afirmou o emedebista.

    Questionado também sobre o que o diferenciou da gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), já que obteve níveis de reprovação superiores ao da petista, Temer disse que “fez as reformas necessárias” e que sua gestão tinha “uma equipe muito harmoniosa”.

    O emedebista também fez comentários sobre Brasil e Estados Unidos, afirmando que ao longo dos anos, a relação passou de política para comercial e que adotou-se uma “simpatia de certos presidentes por certos candidatos” o que, na avaliação dele não contribuiu para a troca entre os países.

    “A relação não é de Donald Trump com o Luiz Inácio Lula da Silva. A relação é entre o presidente da República Federativa do Brasil com o presidente dos Estados Unidos da América. É uma relação, portanto, institucional. As pessoas têm que ter consciência disso”.

    Durante a corrida eleitoral norte-americana, o petista declarou apoio a então candidata do Partido Democrata, Kamala Harris, na disputa pela Presidência dos Estados Unidos, afirmando que ela era a “opção mais segura para o fortalecimento da democracia” no país.

    Apesar do posicionamento, Lula parabenizou Trump após o resultado das eleições, dizendo que “a democracia é a voz do povo” e que deveria ser respeitada. O petista destacou a necessidade de dialogar e trabalhar em conjunto com o presidente norte-americano.

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