Teatro Municipal de SP vive briga entre artistas e gestores
Artistas dos corpos estáveis do Teatro Municipal de São Paulo e representantes da organização social Sustenidos, responsável pela gestão do equipamento, fazem nesta segunda-feira, 30, uma reunião em meio a desentendimentos causados pelo anúncio da realização de testes com os músicos do Coro Lírico Municipal.
A decisão gerou reação da classe artística, e fez a Sustenidos adiar os seus planos. O anúncio da realização de testes dos cantores do Coro Lírico foi feito no dia 16 de janeiro. Em comunicado interno, a Sustenidos informava que os artistas seriam submetidos a uma avaliação interna, com uma nota de corte. Alguns dias depois, a Sustenidos anunciou em suas redes sociais a realização de provas para a formação de um corpo de cantores que poderiam atuar no coro de forma temporária. Ouvido pelo Estadão sob condição de anonimato, um dos artistas afirmou que o maestro do grupo, Mário Záccaro, não foi consultado a respeito dessa decisão de fazer as provas.
Risco de demissões
No início da semana passada, a Associação dos Músicos Instrumentistas do Theatro Municipal de São Paulo emitiu um comunicado no qual acusava a Sustenidos de, por meio das provas e da abertura de contratação de músicos temporários, querer promover uma demissão em massa entre os artistas dos corpos estáveis.
A reação da classe artística nas redes sociais uniu nomes importantes do cenário lírico, como Paulo Szot, Fernando Portari, Julianna Santos, Martin Muehle, Gabriela Pace, Eric Herrero (diretor artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro) e Emmanuele Baldini, spalla da Osesp e regente titular da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí, que também é gerido pela Sustenidos.
Em seguida, a soprano Eiko Senda, que faria parte do júri dos testes, comunicou a decisão de não mais participar das avaliações. À reportagem, os regentes Luiz Fernando Malheiro e Priscila Bomfim confirmaram que já haviam se recusado a participar inicialmente, quando procurados pela Sustenidos antes do anúncio dos testes.
No dia 26, a Sustenidos decidiu suspender as avaliações. Em comunicado, a entidade afirmou que jamais pretendeu diminuir o número dos artistas do coro e que, no caso de demissões provocadas pelo teste, outras pessoas seriam contratadas. “Em nenhuma hipótese esta ação teve o intuito de substituir os músicos e artistas contratados em regime CLT por músicos temporários”, diz a nota publicada no site do teatro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.