Taylor Hawkins teve carreira multifacetada e prestígio além do Foo Fighters
Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters, morreu aos 50 anos de idade nesta sexta-feira, 25, durante passagem da banda pela cidade de Bogotá, na Colômbia. Ao longo de sua carreira, tocou ao lado de outros grandes nomes da música mundial e demonstrou talento para além das baquetas.
Começou a ganhar mais oportunidades já com 20 e poucos anos, na década de 1990, quando tocou bateria na banda que acompanhava Sass Jordan e, posteriormente, na que acompanhava Alanis Morissette, à época do sucesso do disco Jagged Little Pill. Em 1996, quando Alanis fez sua primeira passagem pelo Brasil, gravou uma cena especial para o seriado Malhação. Nela, é possível se deparar com um jovem Hawkins usando óculos escuros e tocando bongô.
Em 1997, passou a fazer parte do Foo Fighters, substituindo William Goldsmith, que, após ter sido o baterista da banda em seus dois primeiros anos, se desentendeu com os colegas. A primeira gravação da qual Taylor Hawkins fez parte com o grupo surgiu no disco com a trilha sonora do filme Godzilla, na faixa com espírito de rock progressivo A320.
Durante as gravações do álbum There Is Nothing Left to Lose, em 1999, o primeiro com a sua participação e marcado pelo single Learn To Fly, consta que o grupo passou quase quatro meses dedicado inteiramente à gravação das músicas, em um estúdio no porão da casa de Dave Grohl. Àquele ano, em entrevista à Folha de S.Paulo, Hawkins revelou que a experiência não lhe foi das melhores.
“Foi diferente, legal, mas para mim, particularmente, teve um componente de paranoia, também. Fiquei tão ansioso para ver o disco pronto que não conseguia dormir mais. O Dave chegou a me dizer: ‘sua parte está acabada, você pode ir para casa. Quando o disco estiver pronto, mixado, nos reunimos de novo’. Mas eu não fui. Fiquei lá com ele até o fim. Mas aí, quando acabou, comecei a não dormir. Entrei em crise. Sei lá, fiquei parecido com o personagem do Edward Norton em Clube da Luta. Estava igualzinho ao Norton”. “Quase enlouqueci, mesmo, quando vi o filme. Minha namorada me levou até em terapia. Cheguei a tentar hipnose”, continuava. Já era um indício de que o baterista não estava bem de saúde.
O músico voltaria ao Brasil em 2001, para um memorável show do Foo Fighters no Rock In Rio daquele ano. Taylor foi visto diversas vezes no trajeto entre seu quarto e a piscina do hotel em que estava hospedado. Paciente, tirava foto com praticamente todas as fãs que lhe abordavam.
Alguns meses depois, em agosto, porém, Hawkins foi internado por conta do abuso de heroína após um show no festival de Chelmsford, na Inglaterra, o que fez com que o grupo cancelasse diversos shows. Ele passou alguns dias em coma e, na mesma época em que Dave Grohl passou a tocar junto ao Queens of the Stone Age. Anos depois, o baterista revelou que pensou que poderia ser o fim do Foo Fighters. Mas ainda tinha muito por vir, incluindo alguns dos principais sucessos do grupo, como Times Like These (2003), Best of You (2005), DOA (2005), The Pretender (2007) e Something From Nothing (2014).
Nos shows, Hawkins ajudava a contagiar o público, muitas vezes já em alto astral pela presença de Grohl, com sua energia e caras e bocas. Além da bateria e de outros instrumentos, Taylor Hawkins também cantava. Entre outras músicas com o Foo Fighters, ficou marcado pelo vocal do cover de Have a Cigar, do Pink Floyd.
Além do Foo Fighters, tocou em projetos paralelos como Taylor Hawkins and the Coattail Riders, criado em 2004, com álbuns lançados em 2006, 2010 e 2019, e The Birds of Satan, surgido em 2014. Em 2015, uma passagem inusitada em sua trajetória, como ator. Fez o papel de Iggy Pop no filme CBGB: O Berço do Punk Rock.
Ao lado do baixista Chris Chaney e do guitarrista Dave Navarro, conhecidos pelo trabalho no grupo Jane’s Addiction, formou também o NHC. Fora todas as afiliações, também teve carreira solo, com o álbum Kota, de seis músicas, lançado em novembro de 2016.
Para os fãs de seu estilo ou não, parece correto dizer que Taylor Hawkins ainda tinha muito a contribuir com o mundo da música, mas, de forma precoce, o rock perdeu mais um talento. O baterista deixa a mulher, Alison Hawkins, com quem era casado desde 2005, e três filhos: Shane, Annabelle e Everleigh.