Taxas de juros passam a cair com melhora do câmbio e da expectativa para impasse do IOF
Após uma manhã em alta, os juros futuros inverteram o sinal e passaram a cair à tarde, com o mercado mostrando melhora nas expectativas sobre as medidas que estão sendo elaboradas em alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), e também acompanhando a valorização do câmbio. Com isso, a influência de alta vinda da curva dos Treasuries acabou sendo neutralizada, embora ainda servisse como limitação a um alívio mais significativo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,90%, de 14,91% no ajuste da quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2027 terminou em 14,29%, de 14,36%. O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 13,71% (de 13,79%) e a do DI para janeiro de 2031, em 13,83%, de 13,91%.
As taxas percorreram a manhã em alta, refletindo a pressão dos Treasuries e um mercado cauteloso sobre as medidas para resolver o impasse do IOF que serão discutidas numa reunião entre Executivo e Legislativo neste domingo. À tarde, o dólar passou a cair e, adicionalmente, declarações de autoridades presentes no evento da Esfera Brasil sinalizando compromisso fiscal melhoraram o sentimento do mercado.
“Esse fechamento agora à tarde foi junto com o câmbio. O câmbio por sua vez melhorou junto com o peso mexicano. Mas o real é a segunda melhor moeda hoje”, afirma Rafael Ihara, economista-chefe da Meraki Capital. Ele destaca que o aumento das apostas na alta de 25 pontos-base da Selic em junho deve ajudar a moeda, “e, por ser uma decisão mais responsável, ajuda no flattening da curva de juros”. “Acredito que deve ter um pouco de fiscal também. Pode sair alguma medida importante da reunião de domingo”, complementa Ihara, que acredita que o Congresso “vai ajudar Haddad nessa”. O dólar à vista fechou em baixa de 0,26%, aos R$ 5,5698.
Neste domingo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se reunir com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e líderes partidários para discutir as medidas. O ministro das Cidades, Jader Filho, disse acreditar que os benefícios tributários serão tema central da reunião. O líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (União-MA), indicou a “desvinculação da receita da saúde e da educação, o excedente do petróleo e os dividendos do BNDES” como alguns dos temas que serão tratados.
No exterior, os juros dos Treasuries subiram com força, refletindo a leitura do relatório de emprego nos EUA. A taxa da T-Note de dez anos abriu mais de 10 pontos-base, voltando a tocar os 4,50% à tarde, mas o impacto foi ofuscado pela melhora da percepção doméstica, principalmente nos vencimentos longos. A ponta curta teve um recuo moderado, com o mercado mais conservador nas apostas para a Selic nos próximos meses.
Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets, vê uma possível alta de 25 pontos-base no Copom de junho e acredita que o Banco Central não terá condições de reduzir a Selic ainda em 2025. “Risco fiscal é o principal fator de pessimismo. Um governo que está gastando mais do que arrecada e fazendo isso sem constrangimento. E tem 2026, ano eleitoral, que terá de gastar ainda mais, gerando mais incerteza e inflação”, disse.