• ‘Tarifa é algo patriótico até a página dois’, diz Tarcísio na Coopercitrus Expo

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  • 21/jul 16:36
    Por Adriana Victorino / Estadão

    O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta segunda-feira, 21, que as tarifas “podem até parecer algo patriótico”, mas apenas até certo ponto. As declarações ocorrem em meio ao acirramento das tensões entre Brasil e Estados Unidos, após o ex-presidente Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros.

    “Tarifas podem até parecer algo interessante para quem aplica, algo patriótico, algo que traz um retorno para empresas, para empregos. Isso é verdade até a página dois”, disse o governador durante a abertura da Coopercitrus Expo, em Bebedouro, no interior paulista.

    “No médio e longo prazo, a aplicação de tarifas cria um mercado viciante. A aplicação de tarifas é um obstáculo para o desenvolvimento de tecnologia. Torna empresas dependentes do Estado. Nunca foi bom ao longo do tempo”, afirmou Tarcísio.

    Entre as justificativas de Trump para a imposição das tarifas ao País estão os processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou a decisão para cobrar do Congresso Nacional a aprovação de uma anistia para o seu pai.

    Na última sexta-feira, 18, Bolsonaro foi alvo de uma ação de busca e apreensão da Polícia Federal, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O ex-presidente está submetido a medidas restritivas, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e também está proibido de acessar as redes sociais.

    Eduardo chegou a pedir que os Estados Unidos mandassem “uma resposta” para o que ele classificou como “novo modelo de censura brasileiro. Após a determinação do STF, o secretário de Estado de Trump, Marco Rubio, anunciou a revogação imediata dos vistos dos ministros da Corte brasileira e de seus familiares diretos.

    O anúncio das tarifas escancarou o embate entre o filho 03 do ex-presidente e o governador paulista, que tem como pano de fundo as eleições de 2026. Eduardo chegou a discutir com Tarcísio sobre a postura que deveria ser adotada diante das tarifas.

    Ainda durante seu discurso nesta manhã, Tarcísio reforçou a defesa do diálogo e enfatizou que a política externa brasileira deve se pautar pelo interesse nacional, não por disputas ideológicas.

    “As duas maiores economias das Américas e as duas maiores democracias do Ocidente não podem estar distantes. E é fundamental que a gente chegue a uma solução para isso. Nós precisamos ter essa compreensão que o discurso eleitoral não pode estar acima do interesse nacional”, afirmou Tarcísio, que figura como principal adversário da direita para enfrentar o presidente Lula no próximo ano.

    “Quem fala em nome do Brasil tem que ter essa compreensão. Tem que trabalhar para distensionar as relações. Tem que trabalhar para pacificar. Tem que trabalhar para entender o jogo geopolítico. Entender que o Brasil não ganha nada em se aliar a determinados blocos em detrimento de outros. E se a gente entender isso, a gente vai conseguir ter sucesso na mesa de negociação”, concluiu.

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