• Suécia: ao menos 40 ficam feridos após protestos contra grupo de extrema-direita

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  • 18/04/2022 13:13
    Por Estadão

    Os protestos desencadeados após um grupo de extrema-direita prometer queimar o Alcorão já deixaram ao menos 40 feridos na Suécia, disse a polícia sueca nesta segunda-feira, 18. Outras dezenas de pessoas foram detidas. De acordo com os dados da polícia sueca, ao menos 26 policiais e 14 civis ficaram feridos desde quinta-feira, dia 14, quando as manifestações começaram. Outras 26 pessoas foram detidas após os confrontos do domingo (17) com as forças de segurança, disse a polícia em coletiva de imprensa. Pelo menos 20 veículos policiais foram destruídos.

    Os protestos foram desencadeados pela presença do cidadão sueco-dinamarquês Rasmus Paludan, líder do movimento contra a imigração e anti-Islã “Linha Dura”. Paludan, condenado na Dinamarca por “insultos racistas”, tem a intenção de concorrer às eleições gerais suecas de setembro, mas ainda precisa das assinaturas necessárias para garantir sua candidatura.

    Ele é conhecido por organizar encontros em bairros de população muçulmana para queimar publicamente cópias do Alcorão, o livro sagrado do Islã.

    “A noite estava tranquila após os distúrbios de ontem (domingo) em Navestad (na cidade de Norrkoping), um bairro com muitos muçulmanos. A polícia prendeu oito pessoas por suspeita de distúrbios violentos”, acrescentou. Na cidade vizinha de Linkoping, onde também houve protestos, 18 pessoas foram detidas, segundo a polícia.

    As duas cidades sofreram confrontos violentos no domingo, pela segunda vez em quatro dias. Durante os protestos, os manifestantes lançaram pedras contra a polícia e queimaram carros.No domingo, os protestos voltaram após o anúncio feito por Paludan de novos comícios, apesar de ter cancelado depois.

    “A polícia disparou vários tiros de advertência. Aparentemente, três pessoas foram atingidas quando os projéteis ricochetearam e estão sendo tratadas no hospital”, informou a polícia sobre os protestos de domingo em Norrkoping. Os três feridos, que não correm risco de morte de acordo com os policiais, também foram detidos como suspeitos de terem cometido crimes.

    O domingo também teve distúrbios violentos em Malmo, a terceira maior cidade da Suécia, quando uma multidão enfurecida, composta principalmente de jovens, incendiou pneus de carros, detritos e latas de lixo no distrito de Rosengard.

    Os manifestantes atiraram pedras e a polícia respondeu disparando gás lacrimogêneo contra a multidão. Uma escola e vários carros foram incendiados, mas a situação se acalmou nesta segunda-feira.

    ‘Gangues criminosas’

    A polícia sueca disse que considera os distúrbios como crimes extremamente graves contra a sociedade e suspeita que alguns manifestantes estejam ligados a gangues criminosas que visam intencionalmente a polícia.

    “Suspeitamos que os envolvidos tenham ligações com gangues criminosas”, disse o comissário da Polícia Nacional Anders Thornberg em entrevista coletiva nesta segunda-feira, acrescentando que alguns desses “indivíduos criminosos” são conhecidos da polícia. “Entrei em contato com o promotor público para processar esses indivíduos.”

    “Há muitos indícios de que a polícia foi o alvo”, disse Jonas Hysing, comandante da Polícia Nacional da Suécia, acrescentando que alguns manifestantes são suspeitos de tentativa de homicídio, agressão agravada e violência contra um oficial.

    Tanto Thornberg quanto Hysing disseram que o principal alvo dos manifestantes era a polícia e a sociedade sueca, não Paludan – visto por muitos suecos apenas como um agente provocador – e seu partido.

    Thornberg, chefe da polícia sueca, disse que “indivíduos criminosos” que se aproveitaram da situação com a turnê de Páscoa sueca de Paludan e se juntaram aos distúrbios são os principais suspeitos de incendiar a violência.

    O Ministério das Relações Exteriores do Iraque informou no domingo ter convocado o encarregado de negócios da Suécia sobre os planejados incêndios do Alcorão de Paludan, dizendo que tal atividade poderia pôr em perigo seriamente as relações da Suécia com o mundo muçulmano. (Com agências internacionais).

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