• Sucesso no emagrecimento depende da conciliação entre prazeres momentâneos e expectativas a longo prazo

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  • 02/02/2021 14:13
    Por Redação/Tribuna de Petrópolis

    Quem decide emagrecer sabe que não se trata de tarefa fácil. Durante o processo muitas vezes as pessoas se veem em encruzilhadas tendo que escolher entre o benefício momentâneo (o prazer de comer algo saboroso e não raro engordativo) e o benefício a longo prazo (a perda de peso, o emagrecimento, a volta da saúde e da autoestima). O médico endocrinologista, especialista em emagrecimento, Rodrigo Bomeny, afirma que emagrecer é uma constante negociação entre o presente e o futuro. “A tendência é que se a pessoa mantiver essa polarização temporal, focando no presente ou no futuro, ela abandone a dieta”, diz.

    Para que isso não ocorra, Bomeny afirma que as pessoas que se propõem a emagrecer precisam aprender a conciliar o momento presente e as expectativas futuras. Nesse sentido, conforme o médico endocrinologista, devem estar cientes de que muitas vezes terão de ceder ao prazer momentâneo para conquistar o objetivo almejado (emagrecimento) e que, se porventura uma exceção for aberta, isto não significa o abandono da dieta.

    Arquétipos alimentares

    Nessa constante negociação entre o presente e o futuro dentro do processo de emagrecimento alguns padrões de comportamento emergem. Esses padrões são definidos como arquétipos alimentares. Conforme Bomeny, há pessoas que têm olhos somente para o futuro, e esquecem de valorizar o aqui e o agora, são nominados “ratinhos de laboratórios”. Existem os que se atêm apenas ao presente, negligenciando o porvir, são os chamados “hedonistas. Há também os que ficam presos no passado, se perdem nos traumas e não conseguem nem apreciar o presente e projetar o futuro, são os “niilistas”. E, por fim, o arquétipo ideal, que consegue harmonizar passado, presente e futuro.

    A crença do arquétipo “ratinho de laboratório” é que sem sacrifício não há benefícios. “Quem se encontra nesse padrão acredita que fazer dieta é um sofrimento, um mal necessário para conquistar algo (o peso ideal) no futuro”, afirma Bomeny. De acordo com o médico especialista em emagrecimento, o que caracteriza as pessoas desse padrão é a incapacidade de desfrutar o presente e crença de que a felicidade virá apenas quando a meta (atingir um determinado peso, por exemplo) for alcançada. “O grande problema é que a ausência do resultado esperado é vista como um total fracasso, sendo seguida pelo abandono da dieta”, explica o especialista em emagrecimento, graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), com residência em clínica médica e em endocrinologia e metabologia.

    O hedonista, por sua vez, também vê a dieta como um sofrimento que deseja evitar a qualquer custo. É o extremo oposto do “ratinho de laboratório”: quer satisfazer apenas seus desejos momentâneos sem se preocupar com as consequências. “Trata-se de padrão muito comum no âmbito alimentar, exemplificado por pessoas que consomem alimentos ultraprocessados porque trazem prazer imediato”, diz o médico endocrinologista. Segundo Bomeny, o hedonista acaba apenas postergando o sofrimento que um dia chega, no caso de quem busca o prazer imediato na alimentação, na forma de doença, cansaço, insatisfação com o próprio corpo e baixa autoestima.

    O padrão de comportamento niilista é muito comum no contexto da obesidade e do emagrecimento, de acordo com Bomeny. “Trata-se daquela pessoa que, após inúmeras tentativas fracassadas de emagrecer, perdeu a confiança e a esperança, acabando por desistir”, explica. Este arquétipo está preso nas falhas do passado e é incapaz de analisar novas oportunidades. Para quebrar esse padrão de comportamento, o médico endocrinologista pondera que a pessoa pode usar as tentativas frustradas ao seu favor. “A pessoa já sabe o que funciona e o que não funciona e deve trabalhar sobre isso em sua nova tentativa de emagrecer”, diz.

    Para atingir o padrão ideal a pessoas precisam se perguntar: como posso ser feliz agora, e ao mesmo tempo buscar objetivos no futuro? “Embora alguns benefícios presentes e futuro sejam conflitantes é possível desfrutar dos dois a maior parte do tempo”, afirma Bomeny. O médico endocrinologista destaca que para emagrecer é preciso deixar de comer alguns alimentos (ultraprocessados, por exemplo) e focar em outros (às vezes não tão saborosos), mas pondera que é possível extrair prazer dessa nova alimentação. Nesse sentido, é imprescindível ater-se não apenas no objetivo final, mas nos pequenos e grandes passos que estão sendo dados para atingir a meta. “Emagrecer de maneira sustentável exige que apreciemos a jornada até o destino” enfatiza.

    Projeto Você

    A fim de que as pessoas consigam focar mais no caminho do que no objetivo, Bomeny argumenta que é preciso alterar a mentalidade e encarar o processo de emagrecimento como um projeto, o qual chama de Projeto Você. “Você se engaja mais com o processo, encarando-o como um desafio diário, em que é preciso trabalhar de maneira contínua e consistente e assim tem a oportunidade de sentir-se bem durante todo o caminho e não apenas no final”, explica.

    De acordo com o médico endocrinologista, com uma visão de projeto a pessoa estabelece um conceito mais global do processo de emagrecimento. Desse modo, não se atém apenas ao que deve comer e ao peso que deseja atingir, mas pondera todos os aspectos necessários para alcançar seu objetivo final, pensando em mudar planejamento, hábitos, ambientes e rotinas.

    Bomeny esclarece que ao se responsabilizar totalmente pelo seu processo de emagrecimento, tornando-se responsável pelo seu planejamento e execução, a pessoa consegue antever os passos que precisam ser dados para conquistar as metas e assimilar as falhas que tem ciência que virão. Nesse sentido, diferentemente de quem tem foco apenas no objetivo, quem tem uma visão mais global exercita a autocompaixão e está mais apto a não esmorecer ao se deparar com os primeiros obstáculos.

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