• SP-Arte volta ao formato presencial

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  • 19/10/2021 15:49
    Por Antonio Gonçalves Filho / Estadão

    Com a Bienal ocupando o seu pavilhão até o fim do ano, a SP-Arte, em sua 17ª edição, mudou de endereço. A partir desta quarta, 20, e até domingo, 24, a tradicional feira de arte que virou internacional durante a pandemia – a edição virtual atraiu a atenção de galeristas, curadores e colecionadores estrangeiros – volta a ser presencial, ocupando uma área de 9 mil metros quadrados. O local da nova SP-Arte é a Arca, um galpão dos anos 1960, situado na Vila Leopoldina, bairro que reflete o crescimento de São Paulo e sua transformação. De polo industrial, a Vila vira agora um entreposto de arte moderna e contemporânea, segmentos que marcam a vocação de uma feira que reúne, segundo sua fundadora e presidente, Fernanda Feitosa, 128 expositores, 84 na edição física da mostra e outros 44 na edição online, que prossegue paralelamente.

    O Viewing Room desta edição reúne galerias de arte, design e uma rede de projetos especiais que integram a SP-Arte no ambiente virtual. Uma série de QR Codes e sinalizações transportam os visitantes da Arca para as galerias participantes do evento digital. Essa estratégia unifica o evento, ampliando a oportunidade de negócios e escolha de obras que não estão expostas na feira física. Cerca de 15% do público é formado por pessoas que acessam as galerias por meio virtual. Nos últimos anos, antes da pandemia, o número médio de visitantes estrangeiros foi de 1.500 pessoas.

    Numa conjuntura marcada pela volta da inflação, a alta do dólar e a pandemia do covid-19, a criadora da SP-Arte se mostra otimista. “A situação mundial não é favorável, mas temos galerias novas apostando em artistas jovens e mudando o panorama com parcerias e projetos para atrair colecionadores ousados”, diz Fernanda. A estimativa é que a 17ª edição da mostra movimente algo entre R$ 180 milhões e R$ 250 milhões.

    A participação de galerias estrangeiras no evento deve contribuir para garantir esse patamar. Entre as internacionais estão a Galleria Continua (Brasil, Itália, China, Canadá, Cuba e França), Galeria de las Misiones (Uruguai), Opera Gallery (EUA), Piero Atchugarry Gallery (EUA), Marian Goodman Gallery (EUA, França e Inglaterra), Galeria de Arte Patricia Ready (Chile) e Galería SUR (Uruguai), esta última parceira da feira desde a sua primeira edição.

    Surpreendentemente, não são as obras de valor acima de R$ 1 milhão (só 4%) que dominam a feira, mas trabalhos cujos preços variam entre R$ 10 mil e R$ 50 mil, justamente a faixa que atende ao público mais jovem, que começa a colecionar e dá preferência à produção contemporâneos da sua idade (60% do público da SP-Arte tem entre 25 e 50 anos).

    A Galeria Millan, por exemplo, desenvolveu para a feira o projeto Limiares da Expressão, que reúne uma seleção de obras de artistas de diferentes gerações com foco no perfil do novo colecionador – um jovem sem preconceito estético, que tanto compra telas de pintores consagrados como Paulo Pasta como a arte de pintores indígenas como Jaider Esbell.

    A Galeria Almeida e Dale, que tradicionalmente realiza exposições de artistas históricos, vai levar à SP-Arte uma mostra do pintor modernista Lasar Segall. O curador Giancarlo Hannud selecionou 23 trabalhos para ocupar o espaço da galeria na Arca. As obras expostas são da década de 1930 em diante, pouca vistas, como a série As Erradias, criada na fase derradeira do artista. A mostra organizada pelo curador gira em torno do tema da errância dos imigrantes, infelizmente atualizada pela onda de migrações forçadas no mundo globalizado. Segall pintava o espaço fronteiriço entre o local de partida e o de chegada dos deslocados.

    Antecipando as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, a galeria Pinakotheke de Max Perlingeiro vai expor a tela Cabeças de Negras (1920), de Rego Monteiro, que participou do histórico evento no Teatro Municipal. Pode ser um passaporte para divulgar nossos modernistas lá fora. “Eu entendo que nós somos uma ferramenta da internacionalização da arte brasileira”, observa Fernanda Feitosa, citando galerias como a David Zwirner (Nova York, Londres, Paris, Hong Kong), que promoveu o pintor Lucas Arruda fora do Brasil.

    Entre as galerias estreantes na SP-Arte estão nomes que revigoram o circuito das artes visuais, como Quadra (RJ), HOA (SP) e Projeto Vênus (SP), com foco em artistas emergentes. Fora do eixo Rio-SP, a SP-Arte estão a Galeria Karla Osório(Brasília) e Paulo Darzé (Salvador). E no State, ao lado da Arca, a curadora Ana Carolina Ralston organiza uma mostra de arte e tecnologia, que traz nomes importantes da arte brasileira.

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