• SP afasta servidores após material dizer que capital tem praia e que Pedro II assinou Lei Áurea

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 01/09/2023 12:20
    Por Marcio Dolzan / Estadão

    Material digital produzido pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo contém erros de informação histórica, geográfico e de matemática. Entre os equívocos, está que a cidade de São Paulo possui praia, que a Lei Áurea não foi assinada pela Princesa Isabel, e uma divisão de 36 por 9 tem 6 como resultado.

    Essas informações constam em slides publicados no repositório do Centro de Mídias SP, uma iniciativa da Secretaria da Educação do Estado que, segundo a plataforma, visa “contribuir com a formação dos profissionais da Rede e ampliar a oferta aos estudantes de uma educação mediada por tecnologia, de forma inovadora, com qualidade e alinhada às demandas do século XXI”. Os erros foram inicialmente revelados pelo portal Uol, e confirmados pelo Estadão.

    Um dos slides informava que Jânio Quadros proibiu o uso de biquínis “em 1961, quando ele era prefeito de São Paulo”. Ainda segundo o texto, “ele emitiu um decreto vetando o uso de biquínis nas praias da cidade”. O decreto mencionado, porém, é da época em que ele era presidente do País e a capital paulista não fica no litoral.

    Em outra aula, dedicada aos alunos do 8º ano do ensino fundamental, constava que a Lei Áurea foi assinada por Dom Pedro II em 1888. Ocorre que quem assinou a lei foi sua filha, a Princesa Isabel. Equívocos foram relatados também em aulas de biologia e de matemática.

    Em nota, a secretaria informou que “afastou os servidores responsáveis pelos graves erros didáticos no material digital produzido pela pasta. O conteúdo é editável e as informações já foram retificadas e atualizadas”. A reportagem do Estadão acessou o plataforma na tarde desta quinta-feira, 31, e constatou que pelo menos parte do material em PDF continuava a apresentar os erros.

    “A coordenadoria pedagógica da instituição vai reforçar a equipe de revisão para que haja aprimoramentos constantes nos recursos didáticos, sempre em total harmonia com o Currículo Paulista”, acrescentou a Secretaria de Educação.

    Polêmicas

    No início de agosto, o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) informou que as escolas estaduais de São Paulo não iriam mais receber os livros didáticos do programa nacional gerido pelo Ministério da Educação (MEC), que compra obras para todo o País há décadas. O secretário da Educação paulista, Renato Feder, resolveu abrir mão de 10 milhões de exemplares para os alunos do ensino fundamental 2 (6º ao 9º ano) para usar apenas material digital. O ensino médio também deixaria de ter livros impressos. Assim, o Estado passaria a utilizar slides acessados por meio digital.

    A decisão gerou uma série de críticas, tanto da comunidade escolar, quanto de especialistas. O Ministério Público abriu inquérito para apurar a medida, e o governo acabou recuando.

    Dias depois, professores e alunos da rede estadual de educação de São Paulo descobriram que um aplicativo fora instalado em seus celulares particulares sem que tivesse havido autorização para baixá-lo. O app “Minha Escola SP” surgiu em aparelhos Android de alunos ou pessoas que trabalham nas escolas estaduais.

    A Procuradoria-Geral de Justiça também apura suspeita de conflito de interesse entre o secretário da Educação de São Paulo, Renato Feder, e a pasta que ele comanda. Feder é sócio de uma offshore dona de 28,16% das ações da Multilaser, empresa que mantém contratos de R$ 200 milhões com a sua pasta, o que motivou a investigação. Ao todo são três contratos para o fornecimento de 97 mil notebooks para a rede pública estadual.

    Últimas