• ‘Sou um cara que gosta de brincar com monstros’, diz criador de Terrifier

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  • 29/12/2022 08:45
    Por Matheus Mans / Estadão

    Filme que anteriormente passaria batido até no streaming, Terrifier 2 chega aos cinemas nesta quinta-feira, 29, como uma das principais apostas de bilheteria da semana. O motivo? O terror, que acompanha os assassinatos violentos e gráficos do palhaço demoníaco Art the Clown, se tornou um sucesso absoluto nas redes sociais e no universo da cultura popular.

    Tudo isso nasceu há quase 20 anos, quando o cineasta Damien Leone começou a fazer os primeiros curtas com essa criatura. Em 2016, porém, a história ganhou força quando Terrifier ganhou seu primeiro longa. “Não me sinto um pai, mas é como se visse um filho crescendo diante dos meus olhos”, contou o diretor em entrevista ao Estadão.

    Fez um sucesso inesperado. As pessoas gostaram da criatividade do cineasta em lidar com as mortes violentas, a graça de algumas cenas e até mesmo a forma como Art the Clown é tratado. Agora, Terrifier 2 chega com a obrigação de ampliar a história. Para isso, surge uma heroína: Sienna (Lauren LaVera), a final girl (a última sobrevivente) que consegue bater de frente com o palhaço.

    Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista com Damien Leone.

    Conte um pouco sobre a ideia de Terrifier 2. Quando surgiu a vontade de fazer um segundo filme?

    Eu queria fazer um segundo filme enquanto ainda estava filmando o primeiro. Uma das razões é que, originalmente, no primeiro filme, não há nenhuma cena do Art the Clown voltando à vida. Enquanto estava filmando, ficava pensando como não poderíamos deixar a audiência imaginando isso… Queria que soubessem que ele voltaria e que teria mais desse personagem, além de mostrar que estávamos em um território de sobrenatural. Tinha de ser maior e melhor em todos os níveis. É o nosso Uma Noite Alucinante 2. Tinha de ser uma sequência épica. A personagem da Sienna também estava na minha mente. Tenho a ideia dessa heroína desde 2008. É essa final girl vestida de Valquíria, muito forte, poderosa. É uma personagem moderna com elementos de fantasia. No primeiro filme, Art the Clown é o vilão e o personagem principal. Mas aqui, queria ter heróis com que o público pudesse simpatizar para além de Art the Clown. Afinal, é aquela coisa dos slashers (filmes de terror com assassino psicopata): tem gente que simpatiza com Art the Clown. Temos vários exemplos de sequências de filmes de terror que não funcionam.

    Você teve medo de fazer um segundo filme?

    Sim, sempre há uma certa apreensão em uma sequência. Principalmente depois que um primeiro filme é tão bem recebido. Era um filme de terror obscuro, de baixo orçamento, mas que criou uma base de fãs que amam as histórias, que têm tatuagens do Art the Clown, que colecionam tudo de Terrifier. Não quero decepcionar essas pessoas e há uma certa apreensão nisso. Fica intenso, se torna desafiador. Mas também fico mais empolgado. Adoro brincar com o Art the Clown, explorar o personagem, colocá-lo em diferentes situações. Continuo sendo um cara que gosta de brincar com monstros.

    Qual sua relação com Art the Clown? Hoje em dia, já é fácil escrever sobre o personagem?

    Ele já está em minha vida há quase 20 anos. Em 2005, escrevi a primeira história sobre ele. Não me sinto um pai, mas é como se estivesse vendo meu filho crescendo diante dos meus olhos. É muito selvagem. Tudo nele está mudando. As pessoas estão fazendo memes, tatuagens, cosplay. É quase como se ele não fosse mais meu. Agora, pertence a toda a comunidade. Mas continua sendo minha responsabilidade em um terceiro filme, por exemplo, manter a consistência do personagem. Conforme ele fica mais popular, fica mais intenso. Surge mais pressão a partir disso.

    Falando sobre o gore (cenas extremamente violentas) do filme, há algum limite de violência?

    Sim, com certeza há alguns limites. No final do dia, quero que a pessoa se divirta no cinema. Não quero que as pessoas saiam do filme se sentindo nojentas, como se precisassem tomar um banho. Quero que a audiência se divirta em um mundo ficcional. Eu tenho meus próprios limites. Quando estava escrevendo cenas como a do quarto, por exemplo, uma dessas cenas brutais, senti que era preciso tirar alguma coisa para não deixar tudo exageradamente repulsivo. Ainda assim, algumas pessoas chegam a desmaiar (risos).

    Quais são suas expectativas para o filme?

    A resposta ao filme nos Estados Unidos foi uma das mais surreais de toda a minha vida, do meu elenco, da minha equipe. Nunca imaginamos que o filme seria lançado nos cinemas. Isso é raro para um filme de orçamento tão baixo. Quando as primeiras notícias chegaram, falando que as pessoas estavam desmaiando ou vomitando durante o filme, se tornou rapidamente viral por aqui. A gente foi a talk shows, viramos notícia. Pessoas que admiro começaram a falar do meu filme. É maluco. E o mais legal: as pessoas disseram que estavam se divertindo, lembrando daqueles slashers de outros tempos que agora estão voltando. É ótimo fazer parte disso. Agora, estamos recebendo boas reações no Brasil também. É legal ver as pessoas cobrindo os olhos durante a sessão, se divertindo.

    Por fim, o que podemos esperar de Terrifier 3?

    Terrifier 3? Pois é. É inevitável. Já sei como será, felizmente. Sei como uma saga dessa, ou uma franquia, como preferir, deve terminar. Mas acho que devo fazer mais dois filmes. Tenho muitas ideias e não quero fazer outro filme longo. Mas certamente você verá Sienna de novo, assim como o irmão dela. Victoria Heyes também retorna. Vai ser divertido. São várias questões a que queremos responder para não deixar o público no escuro. Eu, como criador, tenho responsabilidade de dar respostas em algum nível. Vai ser incrível.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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