• Sorvetes são a nova onda de Petrópolis

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  • 13/11/2016 08:00

    Petropolitanos amam sorvete. Pareceu estranho? Em uma cidade serrana, de invernos que chegam a 6 °C, filas enormes se formam em frente a sorveterias em vários pontos da cidade. E não é só no verão – que a cada ano, é verdade, se torna mais quente, surpreendendo a todos. Os meses de inverno de 2016 foram testemunhas de que sair em uma tarde de domingo para tomar um sorvete no Centro Histórico tornou-se o programa de muita gente ultimamente. O verão promete…

    Quem nunca enfrentou uma fila "daquelas" para tomar um sorvete geladinho? De uns tempos para cá, essa cena tornou-se frequente em Petrópolis. Na última sexta-feira (11), a dona de casa Carla Neves, de 34 anos, foi uma das que esperou cerca de 10 minutos em uma fila para comprar um sorvete. Ela conta que toma sorvete a tempo e a fora de tempo, nos fins de semana e durante a semana, acompanhada ou sozinha. "Agora está fazendo calor, mas o inverno para mim não é um empecilho, eu também tomo", disse.

    Tomar sorvete no frio não é de se estranhar tanto assim, já que os locais onde o sorvete se popularizou e são, até hoje, grandes referências das "receitas geladas", como a Itália e a França, são locais frios durante a maior parte do ano. À propósito, lá os sorvetes, "gelatos", como são chamados, chegam a substituir uma refeição, como o almoço por exemplo, de tão populares.

    No Brasil e em Petrópolis, a moda não chegou a tanto (ainda), mas fato é que os geladinhos têm ganhado cada vez mais fãs na cidade. O gerente da franquia do Mc Donald's da Rua do Imperador, Carlos Rocha, de 29 anos, conta que a loja chega a vender mais sorvetes que em lojas da franquia no Rio de Janeiro – e três vezes mais em dias de sol que em dias normais. "Fato curioso é que os Mc Donald's de locais frios, como as cidades serranas e as cidades do Sul do Brasil, vendem muito sorvete", disse.

    Além de uma sobremesa, ou um doce para se comer fora de hora, o sorvete tonou-se de certa forma um elemento de socialização. Na saída da escola, de um curso, de uma igreja ou de reuniões. Numa tarde de sábado ou noite de domingo. Tomar sorvete com a família ou com amigos e caminhar pelas ruas e praças tornou-se uma boa pedida. "Nada como uma boa mistura de amigos com calda de chocolate!" (risos), observou o supervisor de logística Thiago Marcelino, de 27 anos. Ele conta que passou a tomar sorvete com mais frequência nos últimos tempos: "acredito que em virtude do aumento da variedade de opções na cidade".

    Mesmo assim, há quem diga que não há tantas opções assim de sorveterias na cidade – cenário que tem mudado, com o lançamento de marcas e abertura de lojas no último ano. Há as sorveterias das grandes redes, conhecidas Brasil afora, como a Chiquinho, o Mc Donald's e o Bob's. Há também as sorveterias locais, com produção artesanal – umas mais antigas e consagradas na cidade, como a Leiteria Brasil, e outras inauguradas recentemente, como a Veratto Gelateria Italiana. Há um lugar ao sol para todos.

    A tradicionalíssima Leiteria Brasil merece destaque especial: existe com fabricação própria e artesanal de sorvete desde 1941! O negócio, localizado na Rua Montecaseiros, já está na 3° geração de donos. São receitas próprias de 75 anos de idade. "Os sorvetes tem seu público petropolitano, sem dúvida, mas, como estamos relativamente perto da Bohemia, temos recebido muitos turistas, principalmente cariocas. Como no Rio os sorvetes custam mais caro, eles acham que uma sorvete artesanal como esse, aqui está praticamente dado pelo preço que vendemos", disse o proprietário da loja, Marcelo de Paula Oliveira, de 48 anos.

    Gelatos italianos chegam à Petrópolis


    Em tradução literal, "gelato" significa "sorvete" em italiano. Porém, no Brasil convencionou-se diferenciar um do outro e normalmente quem quer tomar um gelato está a procura de um tipo bem específico de sorvete. Os mestres sorveteiros explicam: o 'gelato' é feito com insumos naturais, sem corantes, saborizantes ou gordura hidrogenada, porque a ideia é intensificar o sabor das frutas. Já os sorvetes, em sua grande maioria, são feitos com saborizantes artificiais e gordura hidrogenada.

    Muito comuns em São Paulo e no Rio de Janeiro, os gelatos demoraram a chegar em Petrópolis. Demoraram, mas chegaram e estão, aos poucos, ganhando público. Até então a única gelateria na cidade era a "Seleri", a sorveteria de fabricação própria do Luigi, consagrado restaurante de massas italianas na cidade. O chef sorveteiro Sandro Faustini, de 46 anos, explica que a ideia de abrir a gelateria veio da vontade de incrementar o restaurante, que é uma casa italiana. "Há oito anos, o Luigi decidiu iniciar a produção de gelatos porque eles são os típicos sorvetes italianos", disse. 

    A gelateria que até então ficou restrita ao funcionamento dentro do restaurante – e até por isso desconhecida por muita gente -, inaugurará este mês um quiosque dentro do novo supermercado da rede Armazém do Grão, na Mosela. "Vamos começar pelo da Mosela, que está para ser inaugurado, mas o projeto é expandir e colocar um quiosque Seleri dentro de cada Armazém do Grão", disse Sandro.

    Uma novidade na cidade é a Veratto Gelateria Italiana, inaugurada há cerca dois meses na Rua Dr. Nelson de Sá Earp. Após fazer um curso em Florença (na Itália) e fazer um treinamento em uma gelateria em Anneci (na França), o casal de petropolitanos Clarisse de Brito Monsch, de 33 anos, e Rafael Evangelista, de 30 anos, decidiu trazer os deliciosos gelatos que conheceram e aprenderam a fazer para Petrópolis (por que não?). Inicialmente como uma fábrica familiar no Bingen, que fornecia os gelatos para restaurantes, como o Dom Sormani, Cocote Bistrot, Majórica e Ooh Burger, a marca inaugurou em setembro a gelateria no Centro, que tem o slogan "Surpreenda-se". 

    Feitos com insumos importados, os gelatos preservam as receitas italianas. Daí o nome, criado a partir de um neologismo de Vero (verdadeiro, em italiano) + Gelato (sorvete) = Veratto. Os queridinhos do público, de acordo com Clarisse, são os sabores de chocolate belga (70% cacau da marca belga Callebaut), morango (80% morango fresco) e nutella. Mas são cerca de 25 sabores diferentes, revezados no dia-a-dia, que incluem sabores tradicionais e sabores diferenciados, como manga, cupuaçu, pitanga e açaí. "Um dos nossos objetivos é focar na produção brasileira de sabores", disse a empresária. 

    A nova gelateria também oferece opções para pessoas com intolerância à lactose, diabéticos, veganos e para quem está de dieta, com sorvetes diet. Outras opções vêm como novidade na gelateria: churros espanhóis, empanadas argentinas, waffles belgas, paletas mexicanas, brownies e cafés.

    Fábrica e distribuidora de sorvetes petropolitana completa um ano


    A Gelato Imperial acabou de completar um ano no último domingo (6). Com o objetivo de trazer uma produção própria para a cidade, já que até então as únicas distribuidoras em Petrópolis, além das grandes empresas Kibon e Nestlé, eram as empresas teresopolitanas Kaibem e Sloop, a Gelato Imperial conseguiu espaço no mercado, fornecendo produtos para supermercados, restaurantes e atuando junto à grandes eventos em Petrópolis, como o Deguste, e em outras cidades, como Três Rios, Nova Friburgo, Teresópolis e Niterói. 

    "Entregar para as pessoas um produto com a cremosidade de um gelato italiano dentro de um pote de 2L, o qual ela pode comprar em qualquer mercado – esse é o nosso objetivo", disse André Maia, gerente administrativo, que fundou a empresa junto com o irmão, Bruno Maia, gerente de produção e mestre sorveteiro. A fábrica tem o projeto de abrir uma gelateria italiana e futuramente transformar a marca em uma rede.

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