• Somos um país diferente

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  • 02/12/2017 11:00

    Hoje em dia, com o avanço da informática e o extraordinário poder de informação da internet, não há como esconder propinas, maracutaias e todo tipo de malfeitos. Com o advento das mídias sociais tudo é divulgado, desde os fatos menos importantes até os que nos assustam e nos revoltam pelo absurdo de sua grandeza. Ficamos chocados e revoltados – mais do que humilhados – sempre que vemos o noticiário na TV, na internet e nas revistas semanais. Nos tempos atuais somos agredidos diariamente por notícias chocantes, absurdas mesmo, que nos fazem lamentar o estado em que chegou o meio político brasileiro e, por extensão, o Brasil. Todo o país foi contaminado pela podridão dos nossos governantes, pelos seus atos vergonhosos. Violência, assaltos, incúria, mentiras, propinas, indiferença, traições, são ocorrências tão comuns que não mais causam impacto pela frequência com que ocorrem, mas sim, geram medo, tristeza e desesperança. Sentimo-nos perdidos, ameaçados, sem chão. Somos agredidos, insultados diariamente por notícias absurdas, chocantes, que nos fazem lamentar o estado em que chegou nosso país e nosso meio político. Violência, assaltos, doentes morrendo sem atendimento em corredores de hospitais, empresas comprando juízes, ministros, governadores, prefeitos, senadores, deputados e até Presidente da República recebendo mala de dinheiro. Houve até ex-ministro guardando R$ 60 milhões em espécie em apartamento de amigo, e por aí vai.

    Será que devemos nos calar e aceitar tudo isso sem reação, submissos a uma inércia suicida? É isso o que queremos ou nos falta coragem para agir e fazer acontecer? Por que o brasileiro é tão condescendente, tão omisso, tão sem sangue, sem fibra? Qual é o nosso problema, afinal de contas? Por que aceitamos tudo de modo tão servil, tão naturalmente, por mais grave que seja o fato? Falta-nos fibra ou somos covardes mesmo? Ou somos imbecis, idiotas? Talvez nos faltem valores morais, e se isso nos falta, não nos cabe culpa; somos vítimas do meio, das circunstâncias. Ou da educação recebida. Somos vítimas da nossa brasilidade, da nossa herança nacional, do nosso despreparo, da deficiência do nosso ensino e da educação. Não sabemos, mas, temos certeza de que alguma coisa está errada conosco, com os brasileiros. Na passada, por exemplo, mandaram libertar três deputados – um presidente e dois ex-presidentes da Assembléea Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) – que se alternaram no cargo ao longo dos últimos 25 anos e deram um prejuízo de mais de R$ 100 milhões – provavelmente muito mais do que isso – ao estado do Rio de Janeiro. Foram presos no dia 16 de novembro por favorecerem empresários e libertados no dia seguinte. No dia posterior foram presos novamente. É inacreditável.

     Ninguém pode acreditar num país em que acontecem fatos como esses. O meio político brasileiro virou um circo, um circo de horrores. E a respeito, o grande Joaquim Barbosa falou o seguinte: “Somos o único caso de democracia no mundo em que condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram. Somos o único caso de democracia no mundo em que as decisões do Supremo Tribunal Federal podem ser mudadas por deputados condenados. Somos o único caso de democracia no mundo em que os deputados, após condenados, assumem cargos e afrontam o Judiciário. Somos o único caso de democracia no mundo em que é possível que condenados façam seus habeas corpus, ou legislem para mudar a lei e serem libertos” Realmente, somos um país diferente. Vergonhosamente diferente.

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