• Sobe o número de doadores de órgãos no Brasil

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  • 28/08/2016 07:00

    O número de doadores de órgãos cresceu nos últimos meses com relação ao primeiro trimestre deste ano. De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos – ABTO, hoje são 14 milhões de doadores, o que representa um aumento de 0,9 milhão em três meses. Com isso, hoje o país tem 14 doadores para cada um milhão de habitantes.

    Esse crescimento, apesar de animador, ainda não atingiu a meta nacional, que é de 16 doadores por milhão de habitantes para que possa atender à demanda de receptadores de órgãos. 

    Em contrapartida ao aumento, estados que concentram maior parte da população brasileira foram justamente os que apresentaram uma redução com relação ao ano passado. O campeão foi o Rio de Janeiro, seguido de Minas Gerais e São Paulo. 

    Hoje, cerca de 33 mil pacientes aguardam nas filas para um transplante de órgão. Entre os órgãos que exigem um maior tempo de espera está o coração. Quem necessita de um transplante cardíaco leva, em média, dois anos para conseguir um órgão compatível. 

    A taxa de doadores de órgãos vinha caindo até o ano de 2015, quando começou a estabilizar. Nos últimos meses, o cenário inverteu e o número de cidadãos cadastrados como aptos para fazer doação começou a crescer. Para o coordenador da ABTO, José Lima Oliveira Júnior, apesar do leve aumento ainda é preciso trabalhar muito para que os números atinjam a média. “Mesmo que o órgão não seja aproveitado em um estado, o transplante pode ser feito em outra unidade da federação, com o apoio da Força Aérea. Um rim, por exemplo, pode ser transplantado em até 24 horas depois do momento em que foi retirado do corpo de outra pessoa e o fígado em até 12 horas. Para que isso funcione bem é preciso melhorar muito o sistema, mas necessitamos de uma infraestrutura nacional que funcione bem e, principalmente, temos que reduzir a taxa de recusa familiar, que ainda é de 49% nesse país. É inaceitável!”, completou.

    Além das condições técnicas e das falhas na infraestrutura do sistema de saúde do Brasil, a doação de órgãos ainda é um tabu em algumas famílias tradicionais. Seja por questão religiosa ou até mesmo por medo e desconhecimento, muita gente acaba não se interessando em se cadastrar como um doador, simplesmente por não saber o quanto pode ser importante na vida de alguém. 

    A diferença não está só na cultura, mas pode ser relativa ao grau de instrução, educação e ao nível de desenvolvimento de um país. Nações como os Estados Unidos, por exemplo, têm hoje uma taxa de 25 a 30 doadores efetivos por cada milhão de habitantes. No entanto, a maioria da população norte-americana, segundo a ABTO, tem quadros de hipertensão, diabetes e outras doenças que deixam a saúde debilitada, o que acaba impedindo a doação de órgão. 

    No Brasil, a maioria dos doadores são jovens, vítima de violência, tiros, traumas e acidentes de trânsito de forma geral. Nesses casos, o corpo, assim como praticamente todos os órgãos, são saudáveis. “Precisamos aprender a aproveitar melhor isso. Temos tudo na mão”, disse Oliveira Júnior. O coordenador da ABTO refere-se às questões estruturais como o ambiente em que o doador deve ser mantido até a cirurgia. Além disso, o ambiente precisa de medicamentos e estrutura de ventilação para manter a temperatura ideal do corpo. É necessário reposição hormonal, transfusão de sangue e dieta equilibrada. 

    Em Petrópolis, o Hospital Santa Teresa, referência em traumatologia na Região Serrana, tem um setor especializado em receptação de órgãos. A Tribuna solicitou alguns dados sobre o número de doações aqui na cidade, mas até o fechamento desta reportagem a unidade não informou. 

    A cirurgia

    O transplante de órgão é um procedimento cirúrgico em que um órgão ou tecido doente é substituído por um saudável. De acordo com a Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), mais de 30% das pessoas que esperam por um transplante de coração, por exemplo, morrem na lista de espera. O transplante de órgãos pode ser feito por doadores vivos ou mortos e, atualmente, mais de 80% dos transplantes são realizados com sucesso.

    Quais órgãos que podem ser doados?

    •Coração, válvulas cardíacas, fígado, pulmão, ossos, medula óssea, rins, pâncreas, córneas e até mesmo a pele. 

    Como se tornar um doador de ?órgãos?

    Qualquer pessoa pode ser uma doadora de órgãos e nenhuma religião é contra a doação. Basta apenas ser maior de 18 anos, ter condições adequadas de saúde e ser avaliado por um médico para realização de exames.

    Para ser um doador em vida é preciso acessar o site da Aliança Brasileira pela doação de ? órgãos e Tecidos (Adote), fazer seu cadastro e download do cartão de doador. 

    Além do cadastro, é importante comunicar às famílias sobre o desejo de ser um doador de órgãos, para que após a morte os familiares (até segundo grau de parentesco) possam autorizar, por escrito, a retirada dos órgãos.

    Quem não pode ser doador de ?órgãos?

    Portadores de doenças infectocontagiosas, como soropositivos ao HIV, hepatites B e C, Doença de Chagas, entre outras.

    Pessoas com doenças degenerativas crônicas ou tumores malignos.

    Pacientes em coma ou que tenham sepse ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas (IMOS).


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