• Sob risco de corte de gás russo, Alemanha prepara racionamento

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  • 31/03/2022 08:02
    Por Estadão

    A Alemanha ativou ontem o primeiro nível de seu plano de emergência para garantir o abastecimento de gás diante das ameaças de suspensão do fornecimento russo. Segundo o ministro alemão da Economia, Robert Habeck, a medida foi tomada porque o governo não fará pagamentos do gás em rublos, como exige Moscou.

    “Foi aberto um setor de crise no ministério para supervisionar a situação, após o G-7 recusar a exigência russa de pagar em rublos”, declarou Habeck. “O plano de emergência possui três níveis de alerta e, no momento, a segurança de fornecimento de gás está garantida na Alemanha.”

    RACIONAMENTO

    O plano foi ativado em seu primeiro passo, o que pode ser escalonado e levar ao racionamento do gás. O movimento retrata o risco que países europeus enfrentam ao dependerem da Rússia para o fornecimento de gás e petróleo em meio à guerra na Ucrânia. As reservas se encontram em 25% de sua capacidade, acrescentou o ministro alemão, alertando que, se as entregas forem suspensas, haverá “graves consequências”.

    “Atualmente, o gás e o petróleo chegam de acordo com os pedidos e a medida tomada é preventiva”, garantiu Habeck. Apenas no terceiro nível de alerta, o mais elevado, seria necessária a intervenção do Estado no mercado para regular a distribuição.

    RUBLOS

    O Kremlin insiste no pagamento em rublos do gás vendido à Europa, rejeitando as críticas do G-7, que considera a exigência inaceitável. Muitas empresas europeias de energia alegam que, para mudar a forma de pagamento, seria necessário renegociar os contratos de longo prazo. A exigência é vista como uma tentativa de driblar as sanções impostas por países ocidentais, que cortaram o acesso russo a dólares e euros.

    Em tese, países importadores do gás natural russo, que impuseram sanções econômicas, terão de comprar rublos com seus euros ou dólares americanos a taxas fixadas pelo Banco Central da Rússia.

    O presidente russo, Vladimir Putin, disse que os próprios países ocidentais minaram a confiabilidade de suas moedas ao tomarem “decisões ilegítimas” para o congelamento de ativos russos. “Não faz sentido algum fornecer nossos produtos à União Europeia, aos EUA e receber o pagamento em dólares, euros e várias outras moedas”, afirmou.

    Ontem, o governo russo, o Banco Central e a gigante do setor de energia russa Gazprom apresentaram a Putin um relatório sobre a implementação de um sistema de pagamento em rublos.

    RESTRIÇÕES

    Desde a invasão à Ucrânia, sanções internacionais limitaram a capacidade russa de fazer negócios em dólares e euros. Em uma das principais medidas, EUA, Canadá, União Europeia e Reino Unido anunciaram um bloqueio de bancos russos do sistema de pagamentos global Swift e impuseram “medidas restritivas” ao Banco Central da Rússia em retaliação à invasão da Ucrânia, prejudicando a capacidade dos bancos de operarem globalmente.

    As ações imediatamente reduziram o valor do rublo, enquanto as pessoas corriam freneticamente para transformar seus rublos em alguma moeda mais estável. Bancos, políticos e oligarcas ainda tiveram de lidar com o congelamento de centenas de bilhões de dólares em ativos no exterior.

    Economistas apontam que a medida parece destinada a tentar sustentar o valor do rublo, que entrou em colapso em relação a outras moedas desde a invasão da Ucrânia – embora ontem ele tenha recuperado parte do valor. Mas alguns analistas têm dúvidas sobre a efetividade da medida.

    “Exigir pagamento em rublos é uma abordagem curiosa e, provavelmente, ineficaz para tentar burlar as sanções”, disse Eswar Prasad, professor de política comercial da Universidade de Cornell. “Os rublos são mais fáceis de obter agora que a moeda está entrando em colapso. Mas trocar outras moedas por rublos será bastante difícil, dadas as amplas sanções financeiras impostas à Rússia.” (Com

    agências internacionais)

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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