Smart Sampa levou à prisão de 1.280 foragidos e condução de 23 por engano
O Smart Sampa, programa de câmeras de monitoramento da Prefeitura de São Paulo, já resultou na condução de 23 pessoas para delegacias após erros no sistema de reconhecimento facial, mas nenhuma delas foi efetivamente presa.
Os dados são de relatório de transparência divulgado pela gestão municipal nesta quarta-feira, 18, após pouco mais de seis meses desde a implementação da ferramenta, no fim de novembro do ano passado.
Até agora, 1.280 foragidos foram localizados e presos com ajuda do Smart Sampa – somente em junho, foram 69, segundo números atualizados em tempo real. Além disso, o programa contribuiu para a prisão de 2.496 pessoas em flagrante e para a localização de 68 desaparecidos.
Conforme a Prefeitura, ainda com algumas imprecisões, nenhum inocente foi preso até o momento, o que é um indicativo de cautela no desenho do Smart Sampa, defende a gestão.
Foram cerca de 1,2 mil pessoas conduzidas até a delegacia após identificação via reconhecimento facial. Além das 23 identificadas por erros da ferramenta, outras 53 foram liberadas após ser identificada ausência de baixa de mandado no banco de dados da Justiça.
O grau de assertividade do programa ao longo dos últimos seis meses, afirma o relatório, é de 98,14%, com protocolos que têm sido incrementados mês após mês – no período recente, esse índice chegou a 99,5%.
Em números absolutos, houve nove erros de identificação em dezembro do ano passado e outros oito em janeiro deste ano, aponta o relatório. Nos meses seguintes, as imprecisões caíram para uma ou duas por mês.
Um dos motivos disso é que, a partir de fevereiro, as abordagens passaram a ser realizadas somente quando o sistema aponta compatibilidade de ao menos 92% entre quem passa nas ruas e o rosto do procurado – antes, a gestão trabalhava com 90%.
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“Estamos falando de um período de seis meses. É uma criança (o programa) que veio para ficar e, a cada dia, vai melhorar ainda mais a segurança da população da cidade”, disse nesta quarta o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Esta edição do documento aponta também que a ferramenta já ajudou a Polícia Civil na investigação de ao menos 275 crimes. Entre eles, está a morte do engenheiro Francisco Paulo de Sebe Filippo após invasão a residência nos arredores do Parque do Ibirapuera.
Os dados dizem respeito ao período de 21 de novembro do ano passado a 21 de maio deste ano. A previsão da Prefeitura é que novos relatórios de transparência sejam lançados a cada seis meses de programa, até para mostrar possíveis evoluções da ferramenta.
Smart Sampa conta com mais de 31 mil câmeras
Já são mais de 31 mil câmeras alimentando o Smart Sampa – cerca de 20 mil são de consórcio firmado pela Prefeitura com quatro empresas; o restante, de parceiros privados.
A Prefeitura prevê bater 40 mil equipamentos até o fim do ano. “Até o final do mandato (em 2028) a meta é chegar a 100 mil câmeras”, disse Nunes.
Após cerca de um ano desde o começo da implementação, o Smart Sampa hoje é apontado como uma das principais bandeiras da gestão.
O impacto do programa é inegável, apesar de críticas quanto a uma possível falta de transparência em relação a casos de identificação imprecisa e de abordagens indevidas.
Conforme a Prefeitura, o relatório divulgado nesta quarta vem justamente para tentar sanar algumas dúvidas. “Existem raros programas com uma assertividade de 99,5%, como é o Smart Sampa”, afirmou o secretário municipal de Segurança Urbana, Orlando Morando.
Além de conferências de documentos na abordagem, há também uma triagem inicial, feita para driblar falsos alertas e checar se o mandado segue em aberto, antes de o caso ser repassado a equipes na rua. Em alguns casos, porém, mesmo esse filtro não conseguiu evitar abordagens imprecisas, mas a gestão municipal afirma que o aprimoramento é constante.