Sindicato convoca ato contra IBGE+ de Pochmann e diz que crise já dificulta coleta de campo
O sindicato dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Assibge, convocou os trabalhadores para um novo ato de protesto contra a fundação de direito privado IBGE+, criada pela atual gestão de Marcio Pochmann. Em nota, a entidade que representa os trabalhadores alerta que a crise interna, que se arrasta há meses no órgão, tem sido usada em tentativas de desgastar a credibilidade das estatísticas produzidas e já dificultam o trabalho de coleta de dados em campo.
A manifestação contra medidas da presidência de Pochmann será realizada na próxima quarta-feira, 29, às 10 horas, em frente da sede do instituto, na Avenida Franklin Roosevelt, na região central da cidade do Rio de Janeiro. Em outros Estados, estão previstos também atos, assembleias e panfletagens de protesto.
Segundo o sindicato, a manifestação dará início a uma série de ações que serão conduzidas ao longo dos próximos meses, que incluirão atuação no Congresso Nacional e interlocução com ministérios e governo.
A campanha, denominada “Democratização sim! Fundação não!”, teria como objetivo “enfrentar o projeto privatizante da Fundação de apoio, e, ao mesmo tempo, evidenciar a luta histórica da categoria pela democratização do órgão, que se faz tão necessária frente às ações autoritárias da direção”, diz a entidade que representa os trabalhadores.
Na última quinta-feira, 23, coordenadores dos Núcleos Estaduais do sindicato se reuniram virtualmente para discutir as “ações antissindicais realizadas pela direção do IBGE” e uma “mobilização dos trabalhadores no enfrentamento à atual crise instalada no órgão”.
“Estiveram presentes mais de 50 coordenadores de praticamente todos os Estados do Brasil que definiram um conjunto de ações a serem realizadas pela entidade sindical nos próximos meses, cujo objetivo é enfrentar a escalada autoritária da Direção do IBGE”, diz o comunicado do Assibge-SN. “Foi pontuado que a estratégia da direção do IBGE consiste, até o momento, em atingir o sindicato de diversas formas, através da criminalização de greves, utilização da comunicação institucional para atacar o Sindicato, ameaça de cobrança de aluguéis retroativas por espaços cedidos pelo IBGE ao Sindicato e, mais recentemente, notificação solicitando a mudança de nome do Sindicato.”
A entidade ressalta que a crise no IBGE tem sido aproveitada por opositores do governo federal para “desgastar a imagem do órgão e a credibilidade das estatísticas públicas”, mas afirma que os trabalhadores garantem a manutenção da qualidade e da seriedade da coleta e divulgação dos dados.
“O entendimento dos coordenadores estaduais é de que as ações antissindicais e autoritárias da atual gestão não têm potencial para afetar a produção de informações geográficas e estatísticas, uma vez que os dados do IBGE são produzidos e protegidos por um sólido corpo técnico comprometido com os objetivos da casa. No entanto, a exposição negativa do nome do IBGE nos noticiários já causam efeitos na coleta de dados, dificultando o trabalho de campo”, alertou o sindicato.
Segundo o sindicato, a criação da fundação IBGE+ desperta riscos diversos, entre eles a perda de autonomia, precarização das condições de trabalho, desvalorização dos servidores e comprometimento da qualidade dos dados produzidos.
“Estamos nos mobilizando contra a proposta de criação da Fundação IBGE+, que representa uma ameaça à autonomia e à qualidade do nosso trabalho”, diz o Assibge-SN.