• Simone e Simaria: infância difícil, início na música, brigas e o fim

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  • 19/08/2022 18:58
    Por Thaíse Ramos, especial para o Estadão / Estadão

    O assunto do momento é a separação oficial de Simone e Simaria. O rompimento foi confirmado na última quinta-feira, 18, pelas irmãs por meio de comunicado e, desde então, só se fala disso nas redes sociais. Foram 25 anos de parceria; 10, como dupla sertaneja. Elas disseram que a “pausa se fez necessária para a definição dos próximos passos de suas carreiras”.

    Em uma década de atividade profissional no mercado sertanejo, Simone e Simaria firmaram dupla importante na corrente feminina que impulsionou o gênero sertanejo a partir de 2015, puxada por Marília Mendonça (1995 – 2021). Foi no rastro do sucesso inicial de Marília como cantora, em 2014, que elas alcançaram projeção nacional em março de 2015.

    História

    Simaria e Simone Mendes são de Uibaí, interior da Bahia. Simaria nasceu em 1982. Simone, em 1984. De família humilde, o pai, Antonio Filgueira Rocha, era garimpeiro e a mãe, Mara Mendes, trabalhava como lavadeira.

    Ainda na infância, quando moravam no Mato Grosso, as duas perderam o pai, que foi enterrado como indigente devido à frágil condição financeira da família. Elas então passaram a viver com a avó, na Bahia, enquanto a mãe se mudou para São Paulo em busca de emprego para sustentar os filhos.

    “(Nosso) banheiro era de palha de coqueiro. Fazia o cercadinho para tomar banho de cuia. E a gente tinha o sonho de ter o chuveirinho”, disse Simone, em entrevista ao canal da atriz Giovanna Ewbank no YouTube em 2017.

    “Nossa vida não foi nada fácil, acho que nossa história encoraja as pessoas a buscarem o novo, a partir para a luta”, ressaltou Simaria durante o programa Conversa com Bial, da TV Globo.

    Backing vocal de Frank Aguiar

    Simone e Simaria começaram no mundo artístico nos anos 1990, como backing vocal da banda do cantor Frank Aguiar. Simaria foi a primeira a entrar no grupo, em 1996, aos 14 anos, seguida de Simone dois anos depois. Paralelamente, em 2004, lançaram seu primeiro trabalho como dupla, o álbum Nã, nã, nim na não.

    Em 2007, elas deixaram o músico para entrarem no grupo de forró eletrônico Forró do Muído, que estourou no Nordeste com sucessos como Tá Com Medo de Amar, É? e Mente Tão Bem. Passaram cinco anos na banda até que, em 2012, decidiram seguir carreira em dupla.

    A partir de As Coleguinhas Vol. 1, de 2012, o sucesso bateu à porta de Simome e Simaria, que ganharam repercussão nacional em 2015 com o lançamento do DVD Bar das Coleguinhas e canções como Quando o Mel É Bom e Meu Violão E o Nosso Cachorro. O apelido “coleguinhas”, aliás, tem origem da mãe das cantoras. Segundo elas, Mara tinha o hábito de chamar todo mundo de “coleguinha” e então elas começaram a falar a frase ‘vai, coleguinha’ para fazer as pessoas se animaram ainda mais em seus shows.

    O sucesso foi consolidado em 2016 com a edição de Live, álbum que rendeu os hits 126 cabides e Regime Fechado. Em 2017, a colaboração com Anitta no single Loka manteve Simone e Simaria no topo das playlists.

    Depois, as cantoras fizeram diversos feats com nomes como Wesley Safadão, Zé Felipe, Tânia Mara, Jorge & Mateus, Felipe Araújo, Kevinho, Henrique & Diego, Gabriel Diniz, Bruno & Marrone, Imaginasamba e Naldo Benny, além de artistas internacional, a exemplo de Karol G.

    Simaria empresária

    As irmãs sempre tiveram formas diferentes de trabalhar por trás dos palcos. Simaria era a administradora, cuidava da produção e de toda a parte burocrática que envolve a marca, inclusive, se apresentava como a empresária que respondia por ela e pela irmã. Já na parte artística, seu papel era o de compositora, mais do que cantora; destaque para Simone.

    E por falar na atuação de Simaria como administradora, ela chegou a tentar registrar sozinha uma marca de Simone e Simaria anos antes de anunciar a pausa temporária dos palcos, segundo reportagem do Notícias da TV. Ela quis regularizar As Coleguinhas em 2014, depois de elas estourarem no feminejo.

    Apesar de cuidar da parte burocrática da produtora que tem com Simone, Simaria aparecia no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) como pessoa física, sem vínculo com a familiar.

    Ainda de acordo com o veículo que teve acesso aos protocolos emitidos por Simaria Mendes Rocha Escrig, na época, ainda casada com Vicente Escrig, ela publicou o pedido, em 4 de fevereiro, mas foi negado de cara.

    Em 2016, a cantora apresentou um recurso para o registro, mas a decisão foi mantida. Nas descrições, tudo indica que a musicista queria adotar As Coleguinhas como uma marca de roupas. O pedido de registro dela foi recusado porque a produtora P & G Music Edições e Gravações Musicais Eireli alegou que já era dona do título.

    Em 30 de maio deste ano, a empresa entrou para registrar oficialmente a marca As Coleguinhas Editora Musical. De acordo com os dados do Governo Federal, a empresa está cadastrada com sede em Fortaleza, no Ceará, mas o número de telefone que consta nos arquivos não existe.

    No INPI, apenas a produtora S. S. Gravações e Edições Musicais Ltda. está no nome de Simaria – essa é a empresa da dupla. A irmã mais velha fez o registro legal da marca em 2009. O cadastro no órgão é importante para que o nome não seja usado de forma indevida por terceiros.

    Brigas e desentendimentos

    Foi em maio deste ano que a crise entre as irmãs se escancarou levantando dúvidas se as duas estavam dispostas a continuarem o trabalho juntas. Um áudio com uma discussão entre elas nos bastidores do Programa do Ratinho, no SBT, vazou na internet.

    “Estava orando e pedindo para Deus para me dar voz para eu cantar e fazer a melhor interpretação. Então, quando você me bloqueia, me machuca”, afirmou Simaria na ocasião. “Para desafinar, é melhor não fazer, porque você tá rouca. Estou poupando a sua voz, é um cuidado”, rebateu a caçula.

    Simone precisou se pronunciar em seu Instagram para dizer que estava tudo bem entre elas. “Somos bem diferentes uma da outra, não temos nada parecido. Não estamos brigadas. Apenas irmãos brigam. O amor que sentimos uma pela outra é maior do que tudo”, escreveu.

    Mas em entrevista ao colunista Leo Dias, do Metrópoles, em junho, Simaria comentou sobre o caso e fez um desabafo: “Tudo que vou fazer, sou discriminada pela Simone. ‘Cala a boca, não faz isso, fica quieta’. Você tem noção do que é passar 20 e tantos anos da sua vida sendo mandada calar a boca e não ser você mesma? Você é você mesmo ou um personagem. Você quer que eu engula mais? Eu não tenho vergonha de falar aqui não”.

    A gota d’água aconteceu em 10 de junho. Simaria se atrasou mais de uma hora para o show da dupla no São João de Caruaru, em Pernambuco, e a apresentação foi iniciada apenas por Simone. Simaria chegou depois de 1h20.

    Em entrevista, Simaria explicou que chegou atrasada no show por estar cansada e esgotada. “Não tinha condição. Era saúde. Muito estresse, cansada de muito trabalho, muita responsabilidade. E aí eu não consegui embarcar no voo. Não preciso fazer 30 shows em um mês, não preciso passar fome. Estava extremamente esgotada do trabalho”, disparou.

    Simaria fora dos shows

    Em 16 de junho, o comunicado veio: Simaria anunciou que iria se “afastar dos palcos” e Simone assumiria a agenda sozinha. “Preciso cuidar da minha saúde”, disse a cantora, sem detalhar o período que ficaria fora dos shows.

    Na noite do mesmo dia, Simone fez seu primeiro show sozinha após o anúncio e se emocionou no palco, em Paty de Alferes, no Rio de Janeiro. “Vocês não imaginam como é difícil. Você é a coisa mais importante da minha vida. O amor que eu tenho por sua vida é tão grande, tão grande, que sou capaz de dar minha vida por sua vida”, disse a cantora. Os shows que estavam marcados seguiram sendo realizados apenas por Simone. Não demorou muito e o fim oficial da dupla veio à tona. Um pouco antes, Simaria até chegou a dar unfollow na irmã.

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