• Setor hoteleiro e de alimentação apresenta demissões no primeiro semestre de 2016

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  • 01/08/2016 19:18

    A crise econômica que o país enfrenta afetou diretamente o setor de hospedagem e alimentação em Petrópolis nos seis primeiros meses de 2016. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostram que o setor registrou o pior resultado dos últimos cinco anos com relação ao número de demissões. Até o ano passado, a variação absoluta – diferença entre número de contratações e demissões, havia sido positiva. Em 2015, o saldo do primeiro semestre foi de 12 novos postos de trabalho. Este ano, a diferença foi alarmante. Ao todo, foram fechadas 140 vagas no período. O setor emprega 10.617 pessoas em 3.151 estabelecimentos. 

    Para Germano Valente, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Petrópolis (SindPetrópolis) e também do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), os dados mostram que o setor não fez investimentos, nem no início da alta temporada, que é durante o inverno. O que mais chamou a atenção de Germano foi que, no mês de junho, momento em que as contratações disparam, houve mais demissões do que contratações. Foram fechados 20 postos de trabalho no mês. A situação é preocupante, levando-se em conta que o setor contratou 79 novos empregados em junho do ano passado. 

    Considerando apenas o setor de alimentação, que emprega 3.345 pessoas na cidade, foram fechados 24 postos de trabalho no mês passado. O número vem acompanhando o que tem sido registrado mês a mês. Com relação a hospedagem, foram fechadas 4 vagas. O setor emprega 1.209 pessoas na cidade. Até mesmo as agências de viagens demitiram mais do que contrataram em junho. Foram menos três vagas. 

    O presidente do Comtur observa que a cidade ganhou até novos empreendimentos este ano, como o Hotel Quality, em Itaipava, que precisou contratar mão de obra. “O que vemos é que mesmo com novos produtos e contratações, o saldo ainda ficou negativo. O que mostra a redução de custos. E nesse setor é muito complicado diminuir a mão de obra”, disse. 

    Parte desse cenário, ele credita a alguns fatores que contribuíram com a diminuição da vinda de visitantes para a cidade, o que impacta diretamente na receita de hotéis e restaurantes. Um deles é o fato de a região dos distritos estar sofrendo com a questão de mobilidade urbana. “O trânsito complicado em Itaipava assusta o turista”, disse, acrescentando que, nos últimos anos, o setor hoteleiro perdeu também uma diária do fim de semana. Ou seja, os visitantes que vinham na sexta-feira para ficar até domingo têm chegado no sábado. Os motivos, segundo ele, é por conta do acesso precário da rodovia BR-040 e também pela insegurança na sexta à noite, uma vez que os crimes na região aumentaram nos últimos tempos. Além disso, ele lembra que os hotéis só têm registrado altos índice de ocupação nos fins de semana. De segunda a sexta-feira o movimento é fraco. 

    Para mudar essa situação, Germano acredita que é preciso mais investimentos e promoção da cidade pelo país, investimentos em segurança, mobilidade urbana e de recuperação das estradas de subida e descida da serra. Ele comenta ainda a importância e a necessidade de que seja criado um centro de convenções em Petrópolis, o que ajudaria a suprir a ocupação nos dias de semana. “Hoje, a ocupação hoteleira durante a semana só acontece se houver evento ou pelo turismo de negócios”. Ele acredita que um espaço com capacidade para atrair um grande público pode ajudar a fortalecer o setor de uma maneira geral. 

    Germano lembra ainda que os empregados das grandes indústrias, como a GE Celma, por exemplo, trazem hóspedes para a cidade e ajudam a movimentar a economia, pois envolvem também o consumo em restaurantes. Porém, destaca que houve ainda diminuição das indústrias na cidade, o que também impacta em menor procura desses segmentos.

    Com relação ao setor específico da alimentação, Germano acredita que, quando tem a crise, as pessoas evitam os restaurantes. “A alimentação executiva tem aumentado todos os anos, porque as pessoas tendem a comer mais fora de casa. Pode ser por isso que no centro da cidade o setor não seja tão afetado. Mas, em Itaipava, que depende do turista, é possível sentir a queda no consumo”, finalizou. 

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