• Sesc restaura e reabre casarão de um século com exposição

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  • 11/02/2022 08:20
    Por Marcio Dolzan / Estadão

    Pioneiro da indústria fonográfica brasileira, Frederico Figner viveu por muitos anos em uma mansão que mandou construir no Flamengo, na zona sul carioca. O casarão de estilo eclético foi erguido em 1912 e, ao longo de um século, sentiu as marcas do tempo. Nos últimos sete anos, porém, ele passou por um minucioso trabalho de restauração. E o resultado pode ser visto gratuitamente pelo público desde o fim do mês passado, quando a casa foi reaberta para abrigar o espaço cultural Arte Sesc.

    Com dois andares e um bistrô no térreo, o casarão fica em frente à sede administrativa do Sesc e abrigará exposições, apresentações de música, teatro e dança. A mostra inaugural é Notícias do Brasil: Carybé, Cícero Dias e Glauco Rodrigues, que ficará em exibição até março.

    “É um marco para a cidade. O Arte Sesc ficou fechado por quase sete anos, e a reabertura marca o restauro desse edifício que é tombado pelo patrimônio histórico e cultural brasileiro”, diz Cristina de Padula, gerente de Cultura do Sesc RJ. “Além disso, o Arte Sesc traz uma nova programação cultural para o bairro e para a cidade.”

    ARTE BRASILEIRA

    Com curadoria de Marcelo Campos e Pollyana Quintella, a exposição Notícias do Brasil: Carybé, Cícero Dias e Glauco Rodrigues conta com gravuras assinadas pelos artistas e que pertencem a uma coleção com cerca de 500 obras. Todas elas pertencem à instituição, mas estavam guardadas ou espalhadas por diversas sedes. “A ideia é que o Arte Sesc se torne um lugar para expor essa coleção de arte brasileira. Temos uma variedade muito grande”, explica Cristina.

    Para essa mostra inaugural, os curadores fizeram um recorte cuja ideia é revelar o Brasil a partir da percepção de três artistas com visões distintas, mas com interesses aproximados. “Cícero Dias nasceu em Pernambuco e foi um artista importante para o Modernismo brasileiro. Teve contatos internacionais, como Pablo Picasso e outros de renome. Ele atravessou esse Modernismo num diálogo nem sempre apaziguado entre a figuração e a abstração”, explica Campos.

    “Glauco Rodrigues teve muita inserção num circuito de arte mais oficial. Ele está em grandes coleções, e observava hábitos do cotidiano da cidade, do Rio principalmente, com pessoas na praia, tomando sol, com um olhar sobre futebol, carnaval e escolas de samba”, conta o curador sobre o artista nascido no Rio Grande do Sul.

    O argentino Carybé, por sua vez, viajou pelo Brasil e viveu no País por muitos anos. Ele ilustrou grandes obras da literatura, como o conto O Compadre de Ogum, de Jorge Amado.

    “A exposição é voltada para crianças, para adultos, para as famílias. Ela tem uma sedução muito grande, é muito colorida. E nós procuramos não atrapalhar a visão da casa: é uma casa restaurada, que o Sesc tem orgulho em exibi-la”, pontua o curador.

    RESTAURO

    As obras de restauro da mansão de Figner foram realizadas com o auxílio de escritórios especializados. A intenção do Sesc era devolver o espaço muito próximo ao que era quando foi inaugurado, em 1912.

    “É uma edificação de mais de um século. A gente precisou buscar lá atrás, estratificar as cores, os elementos que se tinha na época – como materiais que durante o tempo podem ter sido removidos – para voltar à originalidade”, afirma Erick Carvalho, coordenador de Arquitetura do Sesc RJ. “O que a gente tentou aqui foi voltar o máximo àquilo que o arquiteto pensou à época da construção.”

    Para que isso fosse possível, os responsáveis fizeram extensa pesquisa e analisaram fotos da época. O forro manteve as características, mas precisou ser praticamente todo refeito. O piso de madeira, por sua vez, é todo original.

    “Quem vier ao Arte Sesc hoje vai encontrar uma construção de 1912 com um olhar carinhoso de profissionais que tentaram resgatar a originalidade dela”, diz Carvalho. “O espaço traz toda a cultura e todo o peso arquitetônico. Com certeza o Frederico Figner ficaria muito feliz em saber que a casa dele está sendo utilizada para este fim.”

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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