• Serengeti confia em fechar com clubes da Liga Forte e acredita ter chega no teto: R$ 4,8 bi

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  • 05/06/2023 18:15
    Por Rodrigo Sampaio / Estadão

    A gestora de investimentos americana Serengeti, responsável pela proposta de R$ 4,85 bilhões à Liga Forte Futebol do Brasil (LFF) por 20% dos direitos comerciais de uma eventual liga unificada dos 40 clubes do futebol brasileiro (séries A e B), não vai desistir das negociações com o bloco mesmo após a Mubadala, fundo dos Emirados Árabes que também está interessado em ser parceiro da liga, apresentar uma oferta mais agressiva aos clubes vinculados à Liga do Futebol Brasileiro (Libra). O Estadão apurou que a empresa tampouco vai alterar a proposta que está na mesa da LFF por entender que o negócio apresentado é justo.

    A proposta da Serengeti foi apresentada à LFF em janeiro deste ano, com intermediação da XP Investimentos. Além dos R$ 4,85 bilhões envolvendo pelo menos 36 dos 40 clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro, a gestora americana abordou um cenário parcial em sua oferta: R$ 2,2 bilhões em caso de assinatura com o bloco contendo pelo menos 22 clubes, além de um adiantamento de R$ 350 mil para cada agremiação.

    A criação de uma liga no futebol brasileiro está sendo discutida pelos presidentes dos clubes há pelo menos dois anos. A liga tem o aval da CBF para organizar o futebol brasileiro em relação à venda dos direitos de TV. Ela tem data marcada para entrar em atividade: 2025. Os contratos atuais com TVs (abertas e fechadas) e streaming acabam em dezembro de 2024. Os clubes se dividiram em duas partes. Uma delas se associou à Libra. E a outra, à LFF.

    No cabo-de-guerra para saber quem tem a melhor proposta, a Mubadala fez uma mudança importante na oferta que colocou à mesa da Libra, de R$ 4,75 bilhões por 20% da liga. O fundo árabe levou em consideração a possibilidade de um cenário sem os 40 clubes, propondo o pagamento de R$ 4 bilhões caso o número de times a assinarem fique entre 18 e 34. Porém, só será válido se pelo menos sete dos dez clubes com maiores valores previstos aceitarem a parceria. São eles: Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Cruzeiro, Grêmio, Santos, Vasco, Botafogo e Bahia.

    Botafogo, Cruzeiro e Vasco ainda não estão convencidos de que a Mubadala tem a melhor proposta para a liga, apesar de ainda não haver rompimento com a Libra. Segundo apurado pelo Estadão, a Serengeti acredita que os clubes vão começar a tomar posições mais firmes a partir da próxima semana, quando vão estar em posse dos documentos para formalizar o acordo. A gestora tem a intenção de conseguir assinar com os 40 clubes e confia no modelo apresentado, bem como nas garantias de pagamento.

    Apesar de não colocar em números a capacidade de arrecadação da liga brasileira, uma fonte da Serengeti ouvida pela reportagem afirma que o Brasileirão pode, comercialmente, fazer frente aos campeonatos de França, Alemanha e Itália, justamente pelo fato de o Brasil ser um grande exportador e ter jogadores em grandes equipes da Inglaterra e da Espanha, os dois principais centros de futebol do planeta na atualidade. A gestora americana crê que o sucesso da liga poderia fazer o investimento retornar em cerca de 20 anos, passando somente a lucrar com o acordo, válido por 50 anos, posteriormente.

    Um dos pontos citados à reportagem para o fato de a Serengeti se manter firme no negócio é o fato de acreditarem que o modelo de divisão na arrecadação da Libra ainda não é o mais interessante para os clubes que tradicionalmente disputam a Série B. É ressaltado ainda que, diferentemente das principais ligas europeias, 5% das equipes da elite são rebaixadas todo o ano, aumentando o risco de um time grande ir para a segunda divisão e ter uma queda maior na arrecadação.

    A LFF exige que 20% das receitas sejam destinadas às séries B e C do futebol nacional. A Libra aprovou somente o repasse de 15% para os times da segunda divisão. Outra discordância é a necessidade de unanimidade para aprovações na mudança do estatuto da liga unificada. Os contratos dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro com a Rede Globo termina em 2024, com a liga unificada tendo liberdade para negociar os direitos de transmissão a partir de 2025. Caso não haja acordo, a tendência é que Libra e LFF negociem seus direitos de TV e comerciais separadamente. Isso daria ao futebol nacional duas ligas independentes.

    Atualmente, a Libra é formada por 18 clubes (11 da Série A e sete da segunda divisão): Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.

    A LFF é formada por 26 clubes (nove times da Série A, 13 da Série B e quatro da Série C): ABC, Athletico-PR, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sport, Tombense e Vila Nova.

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