• Será o tigre de papel?

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  • 20/08/2017 08:00

    Um tigre de papel designa algo aparentemente ameaçador, mas na realidade inofensivo. A expressão, antiga na cultura chinesa, tornou-se célebre após uma entrevista de Mao Tsé-tung à jornalista norte-americana Anna Louise Strong em 1956, na qual o líder chinês a usou para qualificar Chiang Kai-shek e os Estados Unidos. O uso da metáfora "tigre de papel" é desde então muito comum nas línguas ocidentais. Os “portadores do anel” ou “gestores da Terra” continuam se metendo nas questões internas dos paises. Sem entrar no mérito da causa, o efeito é sem duvida o de alardear pelo mundo o status do EUA e de supostos critérios que os colocam no topo da gestão mundial. Recentemente foi amplamente noticiado pela mídia internacional o fato de que um porta-aviões que deveria estar a caminho da Coreia do Norte para uma demonstração de força, na verdade estava finalizando exercícios de treinamento na Austrália. Mas muitos chineses foram às redes sociais fazer piada com o assunto.

     "O imperialismo americano é um tigre de papel", disse um usuário do Weibo, a versão chinesa do Twitter. "O porta-aviões estava andando durante o sono", disse outro. Na semana passada o presidente dos EUA, Donald Trump, disse ter ordenado que o grupo de ataque rumasse para as águas coreanas em meio a rumores de que a imprevisível Coréia do Norte provavelmente irá realizar um teste nuclear ou de míssil balístico de longo alcance. A Coréia do Norte não fez menção à confusão, mas disse que os EUA e seus aliados "não deveriam mexer conosco". "Um porta-aviões de propulsão nuclear que os Estados Unidos e seu grupo de fantoches estão propagando com alarde não é nada mais do que uma pilha de sucata diante do poderio impressionante de nossas forças revolucionárias", disse o Rodong Sinmun, o jornal oficial do Partido dos Trabalhadores da Coreia.

     Não satisfeito Trump vira seus canhões para a Venezuela e afirmou em discurso feito em 11.08 que não descarta o uso da força militar contra o regime do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Em mais um ato que parece um novo blefe do presidente americano, a mídia supõe que com isso Trump reforça seu apoio ao eleitorado e desvia o foco da imprensa dos problemas do seu governo. "Temos muitas opções a respeito da Venezuela, incluindo uma possível opção militar se for necessário", disse a jornalistas, em entrevista no seu clube de golfe em Bedminster. Será a nova versão do tigre de papel? Psicólogos se reuniram com o objetivo de verificar esta possibilidade. A retórica polêmica de Donald Trump tem suscitado muita discussão, mas menos analisada tem sido sua distintiva linguagem corporal. Os rígidos protocolos e formalidades do dia da posse forneceram uma plataforma bastante pública para o comportamento de Trump ser examinado.

     A análise da linguagem corporal do dia também reforçou uma série de variadas percepções sobre Trump. Há quatro traços de linguagem corporal que Trump exibe por meio de expressões faciais que são como suas marcas registradas. A primeira é a “expressão macho-alfa”. Esta tende a ser a expressão dominante do presidente e é caracterizada por ausência de sorriso, sobrancelhas baixas e olhos estreitos. Similarmente, o sorriso “tipo zíper” faz sua boca parecer maior, uma característica comum a executivos seniores. Trump também exibe um queixo pronunciado. Esta pose é associada com pessoas que acreditam que deveriam ficar no comando. Mas um dos hábitos de Trump, no qual ele esconde os dentes, inadvertidamente revela vulnerabilidade: o queixo contraído, repuxado junto ao pescoço, é uma reação instintiva a um ataque percebido, como se estivesse se preparando para receber um soco. Linguagem corporal e piadas à parte, a paz mundial deve ser preservada, cabendo perfeitamente a afirmação budista: “Tenha compaixão com atenção plena.”

     achugueney@gmail.com

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