• Será o samba do branco doido?

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  • 19/11/2022 08:00
    Por Gastão Reis

    Todos conhecemos o famoso “Samba do crioulo doido” em que Sergio Porto, sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, faz uma gozação a um suposto samba-enredo intitulado “A atual conjuntura”. O compositor da escola de samba, diante do tema nada convencional, montou uma paródia da História do Brasil sem pé nem cabeça. Na verdade, o próprio Sergio Porto se rendeu à esculhambação e desinformação reinante sobre nossa História nos idos de 1968, mais de meio século atrás. Felizmente, o Brasil Paralelo vem fazendo um belo trabalho de reconstrução da verdade histórica. O meu livro “História da Autoestima Nacional” é parte, bem fundamentada, desta saudável reação.        

    Mas vamos ao samba dos brancos doidos. O primeiro deles está num livro escrito pelo historiador Marco Antonio Villa, intitulado “Década Perdida – Dez anos do PT no poder”, que vai de 2003 a 2012, cobrindo os dois mandatos de Lula e dois anos do primeiro mandato de Dilma. Reconheço aqui a seriedade do trabalho dele sobre nossa História, mas confesso que não entendi o cavalo de pau que deu em seus conhecimentos de história pátria em relação a uma declaração feita antes da última eleição presidencial.

    Não há espaço neste artigo para fazer uma resenha do livro. Para evitar qualquer tipo de distorção feita por mim, reproduzo o que o autor afirma no quarto parágrafo de sua apresentação do livro: “Os escândalos de corrupção – e foram tantos – não representam um ponto fora da curva. Eram parte do projeto de poder, no qual não se dissociou, em momento algum, o interesse público do partidário – e, algumas vezes, do simples atendimento aos interesses privados da sua liderança, como no escândalo do mensalão”. No parágrafo seguinte, ainda nos fala que são anos marcados pela hipocrisia e disputa pelo poder ao qual nada é proibido. (E com farta documentação!) Teríamos nos transformado numa sociedade amorfa, passiva, sem reação.

    Felizmente, neste final de 2022, a sociedade está reagindo à altura. Mas vamos à sua declaração de voto em Lula, em suas próprias palavras: “Um novo mandato para Bolsonaro será o fim do Brasil”. Economistas e juristas de peso e instituições internacionais não assinariam embaixo deste despropósito. Iria ainda votar em Fernando Haddad (PT) e não em Tarcísio de Freitas (Republica-nos). Pode ter sido por orientação de seu partido, o Cidadania. Mesmo assim, é público e notório o desastre que foi Haddad como prefeito de São Paulo. 

    Entendeu? Nem eu. Ele abre a ala dos brancos e brancas doidos(as).

    Vamos agora para o outro sexo, a economista Helena Landau, especialista em desestatização, que curiosamente também declarou voto em Lula. Pouco depois de uma semana do resultado do segundo turno, ela se disse decepcionada com o posicionamento de Lula contra a responsabilidade fiscal, alertando que acaba prejudicando de modo mais grave justamente a população mais pobre com inflação, desemprego e juros mais altos. Estranho é que Lula, na campanha, deixou isso bem claro. E ainda insistiu no controle social dos meios de comunicação, vale dizer, censura. Surpreendente para alguém, como ela, que acredita em democracia e é a favor da liberdade de imprensa.

    Voltemos ao sexo masculino com Henrique Meirelles, que fez aquele “L” com o polegar e o indicador ao declarar seu voto em Lula. Poucos dias depois, do mesmo modo da Landau, manifestou seu espanto diante das declarações irresponsáveis de Lula a ponto de afirmar que Lula dilmou. Sem dúvida, algo muito grave quando nos lembramos do desastre dilmesco. Acabou em impeachment, respaldado por suas disfunções mentais, que viraram piadas.  E que nos envergonhavam como brasileiros. Será que um homem tão bem-informado como Meirelles desconhecia fatos como estes? Insensatez aguda. 

    Essa lista de decepcionados com Lula inclui nomes como os de Arminio Fraga e até Persio Arida a julgar pelas convicções de ambos em matéria de responsabilidade fiscal, mesmo levando em conta o fato de o último estar na equipe de transição. E deixa dúvidas, desde já, se permanecerá.

            Em entrevista na CNN, o economista-chefe da Genial Investimentos e ex-professor do Departamento de Economia da PUC-Rio, José Márcio Camargo, teceu considerações pertinentes sobre o futuro a depender do rumo da política econômica a ser adotada. Chama a atenção para o fato de que a PEC dos R$ 175 bilhões ser permanente. Ela fará um estrago no mercado, que somos todos nós, receosos da inflação e desemprego que virão ao decidirmos onde vamos aplicar nossas poupanças. Dois efeitos que batem mais forte nos mais pobres.

           E aqui entra em cena Lula, que leva a coroa de louros do branco doido, em sua primeira visita ao Centro Cultural do Banco do Brasil, local onde se reúne a equipe de transição.  Lula pergunta: “Por que se fala tanto em cortar gastos, fazer superavit e respeitar o teto de gastos?” Tal questionamento reflete bem o despreparo e a doideira de Lula. Um economista competente, menos civilizado do que eu, responderia de modo curto e grosso: “Para proteger os mais pobres, idiota!” Justamente o que Lula diz ser sua preocupação maior…

    A entrevista de José Marcio Camargo, no mesmo dia (15/11/2022), foi interrompida para apresentar a fala do economista Pérsio Arida no encontro de empresários em Nova York. Arida abordou três questões fundamentais: abertura da economia brasileira, ainda muito fechada; a reforma do Estado, que engloba até mudanças culturais; e a reforma tributária, indispensável para libertar a economia brasileira de sua marcha lenta de quatro décadas.

    Em seguida, a CNN retoma a entrevista com José Márcio Camargo, que disse concordar com as reformas propostas por Pérsio Arida.Mas ressalta o fato de que o discurso dos economistas do PT na equipe de transição vai na direção oposta. Batem na tecla do aumento de gastos e sequer mencionam a questão destas reformas imprescindíveis. A ala dos brancos doidos está em alta para infelicidade geral. 

     (*) Link para vídeo meu, ECONOMIA ESQUIZOFRÊNICA, que, pelo jeito, por via política, pode voltar a ocupar o palco de nossas desilusões: 

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