Sepulturas de personalidades levam centenas de pessoas ao Cemitério Municipal todos os anos
Cemitérios de todo o país devem ficar movimentados neste feriado de Finados (02.11) e durante todo o fim de semana. Só em Petrópolis, são esperadas mais de 20 mil pessoas para o período. Mas aqui na Cidade Imperial a visitação não é feita apenas por quem perdeu parentes ou amigos queridos. Durante o ano todo, o Cemitério Municipal recebe turistas em busca de sepulturas de personalidades – tornando deste mais um dos curiosos atrativos turísticos do município. Entre as mais procuradas está a do o escritor austríaco Stefan Zweig, mas são visitadas também campas como a do presidente Marechal Hermes da Fonseca, do poeta Raul de Leoni, do médico e político Nelson de Sá Earp, entre diversas outras.
Para o prefeito Bernardo Rossi, andar pelo Cemitério pode representar uma verdadeira aula de história. “Petrópolis é incrível exatamente por essa diversidade de circuitos turísticos. Além de todo nosso patrimônio histórico-cultural, temos tipos curiosos de turismo, como o do Cemitério Municipal. O túmulo de Stefan Zweig, por exemplo, chega a receber centenas de pessoas por ano, a maioria estrangeiros. Dá pra conhecer muitas histórias através das personalidades que estão enterradas ali”, destaca.
Zweig morou em Petrópolis na década de 1940, quando fugiu da 2ª Guerra Mundial que acontecia na Europa. Em 1942, deprimido, o escritor se matou com a mulher, Charlotte Elizabeth Altmann (mais conhecida como "Lotte"). Ela também está enterrada no Cemitério Municipal. Assim como eles, o corpo do marechal Hermes da Fonseca, presidente do país entre 1910 e 1914, junto com a esposa Nair de Teffé, o embaixador americano no Brasil na década de 1920, Edwin Morgan, o apresentador e compositor Flavio Cavalcanti, o poeta Raul de Leoni e o médico e político Nelson de Sá Earp também estão entre as personalidades sepultadas em Petrópolis.
“Esses dias recebemos um espanhol para visitar e fotografar o túmulo de Stefan Zweig. Isso acontece com bastante frequência aqui no Cemitério. Todo ano, por exemplo, a embaixada dos Estados Unidos manda uma delegação pra cá para visitar o túmulo do seu único embaixador enterrado fora do país na América do Sul. Tem muita história aqui”, explica o técnico administrativo do cemitério, Antônio José Neves da Costa, que trabalha no local há 19 anos.
Outra personalidade ligada ao lugar é o major Júlio Frederico Koeler, que projetou a cidade. Ele foi enterrado no Cemitério Municipal, mas hoje tem os restos mortais estão na Praça Princesa Isabel, em frente à Catedral São Pedro de Alcântara. A sepultara, que permanece intacta mesmo vazia, ainda é visitada.
“O Cemitério Municipal também faz parte do roteiro turístico da cidade. Muitos visitantes vêm a Petrópolis especificamente para visitar alguma sepultura, inclusive muitos pesquisadores. O lugar também é um atrativo. Além do Cemitério, também recebemos muitas visitas na Catedral, onde estão enterrados o Imperador D. Pedro II, a imperatriz Tereza Cristina, a princesa Isabel e de seu marido, o conde D'Eu”, ressalta o secretário da Turispetro, Marcelo Valente.
“Anjinho” também é atração
Há 145 anos, um bebê de três meses sofreu problemas pulmonares e não resistiu. Ele foi enterrado na sepultura 685 do Cemitério Municipal. Francisco José Alves Souto Filho, conhecido como Anjinho, acabou virando o túmulo mais visitado em Petrópolis – e também o mais presenteado. O túmulo tem uma imagem de um ajo (daí o apelido) e deve ser novamente um dos mais procurados no cemitério neste feriado de Dia de Finados.
O menino era neto de um amigo próximo a Dom Pedro II. Anos depois, o coveiro Jaime Lira pediu a intercessão do menino para se curar de uma úlcera. Depois de alcançar o milagre, a fama do Anjinho começou a ser espalhar. E sempre que um pedido é atendido, o túmulo dele recebe mais um brinquedo como forma de agradecimento. A julgar pela quantidade de presentes que continuam sendo deixados na sepultura, muita gente acredita no auxílio dele.
Neto de Jaime, Leonardo Lira conta que o avô prometeu cuidar da sepultura do anjinho se recebesse a cura. E assim fez até o seu último ano de vida, em 2005, aos 83 anos. “Isso aconteceu na década de 1990, e durante todo esse tempo ele cuidava da sepultara, limpava. Hoje, o meu tio, filho dele, continua esse trabalho”, explicou.
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