Septicemia
Por muito tempo vivemos país de comédia. Hoje, filme de suspense que vai se tornando seriado de terror. Esses filmes dosam momentos de tensão com desafogos. A mão que sai subitamente da terra onde o cadáver foi sepultado aterroriza melhor quando se vem de um alívio recente. Não temos tido alívios. Esse estado de suspense traz problemas cardíacos, respiração ofegante, baixa oxigenação do cérebro. Daí pensamos mal, decidimos mal e sofremos. Sintomas que se juntam aos do quadro de septicemia em que estamos: enjoos, febre, calafrios, cardiopatias, confusão mental. Choca-nos constatar que roubam todos, a norte e a sul, nas quatro estações, aos quatro ventos, em todos os tempos, roubam e roubam e depois roubam mais um pouquinho.
O Temer (que está onde está, jamais esqueçamos, porque foi escolhido vice pelo PT), de cuja corrupção se suspeitava, agora recebe o xeque-mate. Abalo sísmico. Que começou no Mensalão, passou pela reeleição de Lula, pela eleição de seu poste, pela imunda reeleição de 2014 (que rachou o país de alto abaixo), pelo impeachment de Dilma e que chega agora ao ápice. Referindo o Temer tampão, FHC falou em “pinguela” para chegarmos a 2018. Pois ela desabou. Abismo de incertezas: revanchismos de toda ordem, milhões de oportunismos covardes, mil operações de cortina de fumaça para que os crimes graves de agora escondam os crimes graves de ontem, o salve-se quem puder, os engolidores de triplex, os profetas do caos, os cavaleiros do apocalipse e os que querem eleição direta para a presidência como fuga da cadeia…
Lula é o político mais desastrado de todos os tempos. O horror de agora é filho dileto do falso “messias”. Primeiro manietou movimentos políticos e sociais congregados no PT. Fez seu feudo. Depois sequestrou as representações sindicais e sociais, alistando-as em seu projeto de poder. Calou vozes discordantes, dando na crise de representatividade que impede a indignação geral de se externar organizadamente, porque não confia em sindicatos e associações. No Planalto, Lula colheu propinas para comprar deputados na feira. Na sucessão, a arrogância o fez escolher Dilma, seu poste, com Temer de vice. Quando Dilma quis a reeleição, a contragosto foi lutar por votos no poste, dando carta branca ao jogo sujo que varreu o país num tsunami de ódios.
De Lula nos vêm Dilma, Temer e o caos. Com a mão na massa do petrolão, mensalão, triplex, sítio e palestras fajutas, refugiou-se com Dilma no discurso do “golpe”. A imprensa era golpista, Moro, a PF e o MP eram golpistas, todos golpistas, e Lula, o “perseguido” pelo status quo brasileiro. Mas Lula é só um criminoso político das antigas, do “rouba mas faz” (e é discutível que algo tenha feito), enquanto acusa outros que roubam e não fazem.
Agora, está aí esse país na UTI, mergulhado na região abissal onde são forjadas as grandes soluções ou consolidados os irreversíveis fracassos. Precisamos de soluções! No horizonte elas não se vislumbram. O momento confuso demanda oração, calma e responsabilidade. Tudo isso nos afundará mais na crise que do desemprego pode trazer convulsão. Que o ódio não prevaleça e que saibamos, como país, achar uma saída que não passe nem por Lula e seu espólio nem pelo PMDB apodrecido ou pelo PSDB de Aécio. Difícil, a equação. Que Deus nos ajude. Os podres estão todos para fora. Outros virão à tona. É hora de começar a saúde.
Em 10/06 lanço meu novo livro na Casa Claudio Souza. Aguardo você.
denilsoncdearaujo@gmail.com