Sensação australiana da canoagem sonha com ouro olímpico e elogia brasileira
Jessica Fox é considerada uma das maiores atletas de canoagem slalom de todos os tempos, colecionadora de títulos e pódio, mas ainda persegue o ouro olímpico, que ela ganhou em 2010 na Olimpíada da Juventude, mas ainda não tem no adulto. Estreou nos Jogos de Londres aos 18 anos, em 2012, com uma medalha de prata. Foi lá que ela conheceu a brasileira Ana Sátila, uma grande adversária. Quatro anos depois, nos Jogos do Rio, ganhou o bronze.
Em Mundiais, a australiana tem 15 pódios, sendo 10 medalhas de ouro, três de prata e duas de bronze. Em eventos individuais, são sete ouros, sendo a atleta mais vitoriosa de todos os tempos na canoagem slalom. Aos 26 anos, é uma competidora para ficar de olho em Tóquio. Confira a entrevista ao Estadão.
Você tem duas medalhas olímpicas, mas ainda falta o ouro. Você acha que pode conquistar isso em Tóquio?
Vamos ver! Eu estou me esforçando muito para estar nos Jogos de Tóquio na melhor condição física, técnica e mental possível!
Como é a sua rotina de treinamento?
Eu treino seis dias por semana, geralmente duas sessões por dia. Meus exercícios incluem remo em corredeiras e águas mais calmas, tanto no caiaque quanto na canoa, e sessões de ginástica. Às vezes também corro, faço Pilates e ioga.
Seus pais foram atletas importantes. Como isso ajudou a “moldar” você?
Meus pais foram as grandes influências na minha carreira. Lembro-me de aprender a remar e de fazer sessões em águas mais tranquilas com meu pai quando era mais nova, depois da escola, aprendendo a técnica certa. Quando eu estava na seleção, minha mãe tornou-se minha treinadora e temos um ótimo relacionamento. Eles me ensinaram a trabalhar duro e de forma inteligente, a analisar e aprender com os erros e a gostar do que faço todos os dias.
Como foi esse período de pandemia para você?
Estes últimos 12 meses foram realmente desafiadores para atletas de todo o mundo. Todos nós tivemos de nos adaptar e nossa preparação foi interrompida de alguma forma. Tivemos de aproveitar ao máximo, mesmo com as medidas de restrições aqui e por não poder viajar para o exterior para as competições. Mas estou realmente ansiosa para finalmente chegar lá. Tivemos uma comunicação direta com o COI e tenho total confiança em todos no Comitê Organizador de Tóquio para realizar em segurança esta edição dos Jogos Olímpicos.
Você pratica um esporte que qualquer erro pode ser fatal. O que você faz para manter o foco antes de competir?
É um esporte louco, mas é por isso que também o amamos! Eu tento ter certeza de que trabalhei duro para aquilo e essa preparação me deixa confiante. Eu confio nas minhas habilidades e acho que é tudo questão de fazer as coisas da maneira mais simples, do jeito que já estou acostumada. A gente pratica a concentração no dia a dia do treinamento, então quando chega o momento de competição, já sei o que é preciso fazer. Procuro manter a calma e tento entrar em um perfeito estado mental minutos antes da descida para garantir que estou focada.
Você posta muitas fotos de paisagens incríveis no seu Instagram. Como você aproveita suas viagens ao redor do mundo?
Sinto-me muito sortuda por fazer o que faço e tenho o privilégio de representar a Austrália em todo o mundo. Amo viajar e descobrir diferentes cidades e paisagens, e aprender sobre outras culturas. Muitas vezes só vemos o rio e o hotel, mas se tivermos tempo entre as descidas ou num dia de descanso tentamos fazer uma atividade turística onde quer que estejamos!
Que lembranças você tem dos Jogos Olímpicos do Rio?
O Rio foi minha segunda Olimpíada e fiquei muito orgulhosa de representar a Austrália e ganhar mais uma medalha olímpica. Foi diferente da minha primeira Olimpíada em muitos aspectos, mas foi vibrante e empolgante ao mesmo tempo. Gostei da cerimônia de abertura, da emoção de competir em Deodoro, e nas horas vagas conhecer os arredores lindos e ir assistir a outros esportes. Fizemos alguns passeios turísticos e um tour por uma favela e achei muito interessante e importante conhecer a história e a atual situação política e econômica do Brasil.
Uma das principais atletas brasileiras na canoagem slalom, Ana Sátila, que te admira muito. Como é a sua relação com os competidores brasileiros?
Conheço a Ana desde os Jogos Olímpicos de Londres, onde éramos as duas competidoras mais jovens. Tem sido ótimo ver sua evolução e ver os atletas brasileiros de canoagem slalom em turnê nas etapas da Copa do Mundo e nos Campeonatos Mundiais. Eles são um ótimo grupo de atletas, sempre felizes e trazendo um sorriso ao rio!
Você acha que Ana Sátila tem potencial para chegar ao pódio olímpico?
Sim, definitivamente! A Ana é uma grande atleta e tem feito finais e pódios nos últimos anos. Ela estará competindo em dois eventos em Tóquio e será uma para olhar de perto!