Sem negociação, médicos do HMNSE mantêm paralisação
Os 12 médicos do Ambulatório de Ortopedia do Hospital Municipal Nelson de Sá Earp (HMNSE) estão desde segunda-feira de braços cruzados. Os atendimentos foram interrompidos e ainda não há previsão de quando serão retomados. Os profissionais querem o cumprimento de um acordo feito entre eles e a Secretaria de Saúde, em que o serviço e o pagamento seguiam o modelo de plantão. Já a prefeitura afirma que será exigido dos médicos o cumprimento da carga horária de 20 horas semanais e os profissionais que não se adequarem poderão se desligar. Sem entendimento entre as partes, quem procura atendimento na unidade está tendo que esperar. Segundo a PMP, em caso de necessidade, será feita contratação emergencial.
Consultas agendadas no Ambulatório Ortopédico do HMNSE estão sendo reagendadas. Os pacientes estão tendo que esperar. Foto: Bruno Avellar.
"Minha consulta era para hoje (ontem), mas cheguei aqui e disseram que os médicos estão em greve", disse a doméstica Sônia Aparecida de Souza, de 42 anos. A consulta com o ortopedista foi marcada no mês passado e ela disse que remarcaram o atendimento para o dia 19. "Eu faço fisioterapia no ombro e preciso de um encaminhamento que só poder ser dado pelo médico. Agora o jeito é esperar", lamentou.
O ajudante de portaria, Diogo Barrozo, de 37 anos, também teve a consulta desmarcada. Ele quebrou o calcanhar e precisa de avaliação médica para saber se precisa ou não passar por cirurgia. "Quando caí, foi atendimento na emergência. Imobilizaram meu pé e disseram para eu voltar, no ambulatório, em 10 dias para o médico avaliar. Hoje (ontem) chego aqui e não tem atendimento. Agora o que eu faço?", questionou.
De acordo com o coordenador da seccional do Cremerj-Petrópolis, Guilherme Toledo, a Prefeitura reduziu o salário pago aos médicos que tem contratos de Recibo de Pagamento Autônomo (RPA). "No contrato seria pago o valor do plantão de 12 horas para o atendimento de 40 pacientes, 20 em cada turno da manhã e tarde. Alguns profissionais concluíram o atendimento de todos os pacientes antes de completar as 12 horas. Foi quando a Prefeitura, eu acredito, que por problemas no caixa, resolveu mudar o contrato e pagar apenas pelas horas trabalhadas. Teve médico que recebeu R$ 288 enquanto deveria receber R$ 2.500", explicou.
Guilherme contesta a versão da Prefeitura que diz que foi redução de carga horária e ressalta que o que houve foi um descumprimento de contrato. "Tem que haver um entendimento e que se faça então um novo contato que seja razoável para os dois. O Ambulatório de Ortopedia é o único com atendimento pelo SUS na cidade. A população não pode ficar sem atendimento que é essencial", ressaltou o coordenador.
Na manhã de ontem, médicos, o diretor do hospital e a secretária de Saúde Fabíola Heck se reuniram para tentar um acordo. O encontro aconteceu na própria unidade. No fim do dia, a Prefeitura anunciou que a Secretaria de Saúde está determinando que os profissionais vão precisar cumprir 20 horas semanais – que podem ser divididas em três turnos – em um total de 80 horas de atendimento mensais.
Segundo a Prefeitura, a adequação da carga horária será feita conforme especificidade de cada tipo de atendimento, havendo, por exemplo, um modelo para os médicos do ambulatório de ortopedia e outro para os profissionais que realizam exames. “Estamos apresentando o que deve ser cumprido e esperamos chegar a um acordo que possa normalizar a situação. O médico que não concordar, poderá ser substituído”, destaca a secretária.
Consultas e exames que deixaram de ser feitos esta semana serão remarcados. O atendimento emergencial ocorre normalmente. O Ambulatório de Ortopedia funciona de segunda a sexta-feira, de 8h as 17h, onde são realizados 8.920 atendimentos por mês.