• Sem médico no Vale do Carangola, moradores caminham quase 8km em busca de atendimento em bairro vizinho

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  • 28/11/2021 14:49
    Por Luana Motta

    Há duas semanas, a Secretaria de Saúde anunciou a retomada de 100% dos atendimentos eletivos na rede básica de saúde, mas no Posto de Saúde do Vale do Carangola, a realidade é outra. A comunidade está há quase um ano sem profissional médico, além disso faltam pelo menos três agentes de saúde. Moradores que precisam de atendimento têm recorrido à Unidade Básica de Saúde do Retiro, que fica a quase 8 quilômetros e, para alguns, o caminho é percorrido a pé. 

    Moradores contaram à Tribuna que encontram dificuldade até mesmo para pegar uma receita de medicamentos para tratamentos contínuos. Um dos moradores, que é diabético, está há quase um mês sem o medicamento, porque está aguardando o posto para providenciar a receita com um profissional de outra unidade. 

    “Aqui são os vizinhos que acabam ajudando em uma emergência, um enfermeiro, um técnico, que faz o socorro”, contou a líder comunitária Angela Maria Samuel da Silva Rosa. Os inúmeros problemas com transporte público, e até mesmo transporte por aplicativo isolam os moradores na comunidade. “O uber se recusa a subir no bairro, e não dá pra contar com os ônibus que estão sempre quebrando”, desabafou uma moradora. E a solução, é ir a pé.

    Angela enumera os empecilhos para o acesso à saúde básica na comunidade. Sem dinheiro para a passagem do ônibus, alguns moradores vão a pé até a UBS do Retiro. Uma moradora denunciou um episódio em que foi recusado o atendimento para troca de um curativo no PS do Vale porque a paciente não tinha em mãos o cartão do Sistema Único de Saúde. A comunidade, que tem cerca de 8 mil moradores, estima-se que a metade são pessoas idosas e crianças. 

    Odontologia não realiza procedimentos por falta de insumos

    No Posto tem um profissional de odontologia, mas não é realizado procedimentos que exigem anestesia por falta de insumos. Os moradores desabafam, dizem que a unidade de saúde foi esquecida. “Mesmo sem poder, quem precisa do dentista dá um jeito de pagar particular no Centro da cidade porque precisa do atendimento”, desabafa Angela. 

    CRAS Vale do Carangola atende 12 comunidades do entorno. (Foto: Luana Motta)

    Demanda do CRAS é superior ao atendimento oferecido

    O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) que fica no Vale do Carangola atende, segundo dados do site da Prefeitura, 12 comunidades: Modesto Guimarães, Professor Narciso, Cidade Nova, Estrada do Carangola, Vila Manzini, Amoedo, Vicenzo Rivetti, Carangola, Vale do Carangola, Caititu, Comunidade Nova Aliança, Rio da Cidade. E de acordo com os moradores a demanda por assistência é superior a capacidade de atendimento.

    Eles dizem que o CRAS só distribui 30 kits de cestas básicas por mês, um número que não corresponde nem a 10% de toda região abrangida pela unidade. Angela conta que desde o ano passado, quando a pandemia agravou a situação das famílias que já viviam em situação de vulnerabilidade, muitas começaram a procurá-la para conseguir ajuda. Algumas, ela conseguiu ajudar com o apoio da iniciativa privada e sociedade civil, mas muito pouco por meio do CRAS. 

    O que diz a Prefeitura:

    A Secretaria de Saúde e Secretaria de Assistência Social não responderam à Tribuna sobre as demandas dos moradores apresentadas na matéria.

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