Sem chuva há mais de 70 dias, moradores da Posse sofrem com queimadas
A estiagem que afeta a região dos distritos está preocupando a população. Sem chuva há mais de dois meses, as queimadas consomem a vegetação, poluem o ar e deixam muita gente sem água.
No distrito da Posse a seca já chega aos 70 dias, e o desabastecimento voltou a se tornar um problema. Nos pontos mais elevados, as mangueiras que levam água das minas até as residências são destruídas pelo fogo a cada foco de incêndio. Causando prejuízo na população.
Priscilla Gomes, autônoma, já gastou mais de R$ 90 em mangueiras para reestabelecer o abastecimento de sua casa. A água consumida por ela e por boa parte dos moradores da Estrada do Juruá, no bairro Nossa Senhora de Fátima, vem de minas na região do Xingu, afetada por queimadas nas últimas semanas. Segundo ela o problema se repete quase que anualmente. “Nós sofremos sérios problemas com falta d'água, e nem é culpa da concessionária, porque nas partes altas daqui a água é toda de mina. Boa parte das casas teve as mangueiras e os encanamentos queimados. O fogo derreteu tudo, e a gente ficou sem água. Nesta semana tivemos que subir no morro e procurar onde derreteu, pra fazer a substituição. Gastei nessa brincadeira mais de R$ 90 só com mangueiras, fora as abraçadeiras, emendas e outros custos que tive que arcar. Tudo isso por conta do fogo”, contou.
Essa foi a terceira vez em quatro anos que Priscilla substitui a rede de abastecimento de sua casa. A situação é semelhante na vizinhança. “Lá do outro lado eu já troquei as mangueiras duas vezes do ano passado pra cá. Eles colocam fogo no lixo e vai se espalhando para o morro. Não chove, e a população não ajuda. Aí dá nisso”, contou Maria do Carmo Ferreira, professora aposentada.
Desde o mês de julho uma série de incêndios em vegetação tem causado transtorno aos moradores da Posse. No início do mês, uma área de mais de um hectare, na Estrada da Pedreira, localidade do Ingá, foi consumida pelas chamas. Bombeiros trabalharam dia e noite para controlar o incêndio e impedir que o fogo chegasse às casas. Na semana seguinte foi a vez da região do Loteamento Nilton Vieira, na Estrada do Brejal. O fogo chegou bem perto das casas, e também exigiu esforço dobrado do Corpo de Bombeiros para que fosse extinto. Desde então os moradores contam os dias para que a chuva, que não atinge o distrito desde o mês de maio, volte à região, para acabar o problema.
“Está demorando muito a chover, e a gente fica nessa. Não vejo a hora de chover de novo para acabar com essa seca”, completou Maria do Carmo.
Prejuízo à saúde
Varrer o quintal duas, ou até três vezes por dia já se tornou rotina. Isso porque a fuligem, carregada pelo vento, se espalha sobre a região, e piora ainda mais as condições do ar, com baixa umidade. Sem chuva, os problemas respiratórios acabam aparecendo com mais força, e levando muita gente a procurar atendimento médico. “Tosse, irritação no nariz, coriza, e muita dor de cabeça. É isso que eu estou sentindo há mais de uma semana. Fui ao médico, comprei remédios, até amenizou um pouco, mas com esse tempo seco o problema volta sempre. A recomendação da médica é que eu faça sempre nebulização, espirre remédios no nariz e beba muita água. Assim vou levando até que a chuva chegue” explicou Kely Siqueira, que mora na Estrada do Brejal.
Chuva à vista
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, a seca na Posse pode estar com os dias contados. Isso porque uma frente fria que passa pelo continente deve recarregar a umidade atmosférica nesta quinta-feira, provocando chuva em pontos da região serrana. O acumulado pode ficar entre 10 e 15 milímetros, e pode amenizar a situação da região.