• Sem atendimento durante a pandemia, família faz vaquinha para ajudar no tratamento de filha de 2 anos

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  • 03/08/2020 17:02

    Durante a pandemia, atendimentos eletivos de saúde foram suspensos e pacientes crônicos que precisavam de laudos e equipamentos vêm enfrentando dificuldades para manter o tratamento. Alguns desses pacientes fazem o acompanhamento em institutos fora do município e precisam dos laudos, inclusive, para conseguir os medicamentos de uso contínuo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sem ter como pagar as despesas, famílias de pacientes estão fazendo vaquinhas online para ajudar no tratamento. 

    Esse é o caso de Manuella Victorya Carlos Soares, de apenas 2 anos. Assim que nasceu, ela foi diagnosticada com mielomeningocele ou espinha bífida, que causa má formação no sistema nervoso central e comprometeu todo seu desenvolvimento motor. Manuella precisa de medicamentos, fraldas, alimentação especial, cuidados que têm custos muito acima do que o orçamento da família permite. A mãe, Michele Pereira Carlos Soares, contou que deixou o emprego de vendedora para se dedicar exclusivamente à menina, enquanto o pai, que é pedreiro autônomo, faz o que pode para arcar com as despesas de Manuella e mais dois filhos.

    A primeira cirurgia da bebê foi aos 19 dias de vida. Michele desde então vive uma peregrinação em busca de medicamentos, fraldas e todo o suporte médico e de aparelhos que a menina precisa para se desenvolver após as sequelas que a mielomeningocele deixou. “Gastamos em média R$ 1,2 mil só com medicamentos. Manuella recebe fraldas descartáveis, mas não são suficientes, porque ela não tem controle do sistema urinário e gasta muito mais fraldas do que recebe por mês, então é mais uma despesa”, conta. 

    Em outubro do ano passado, a bebê foi encaminhada para a Pestalozzi, no Rio de Janeiro, para dar continuidade ao tratamento para mais uma cirurgia, a que fará a correção ortopédica nas pernas. Após o procedimento, ela precisará de dois aparelhos: um extensor e um parapodium, que é um estabilizador postural. Manuella está há quase 10 meses aguardando os aparelhos, sem previsão de quando chegarão. Nessa peregrinação, Michele conseguiu, por meio da vaquinha, o valor de R$ 2 mil para custear os equipamentos, mas ainda precisa de ajuda com todos os outros insumos do tratamento. 

    Assim como a Manuella, outros pacientes estão na mesma situação. “São muitas crianças e adultos aguardando os equipamentos, mas a maioria tem medo de falar porque tem medo de ser prejudicada na fila. Eu tive que fazer a vaquinha, ou minha filha iria ficar sem o tratamento. Nesse período, sem a fisioterapia, por causa da pandemia, ela já começou a regredir”, desabafou.

    De acordo com a Prefeitura, a demora na fila, tanto para consultas quanto para a entrega do material, se deve à paralisação durante a pandemia. Não apenas em Petrópolis, mas nos mais de 40 municípios que utilizam os serviços. Em Petrópolis, as instituições pactuadas são a Associação Pestalozzi e a Associação Fluminense de Reabilitação. 

    A Prefeitura não deu prazo para a normalização do serviço, mas esclareceu que vem, desde o ano passado, tentando providências para que os pacientes sejam assistidos como precisam. “Foram feitas duas reuniões em Niterói, solicitadas pelo Município de Petrópolis à Regulação de Saúde de Niterói (RESNIT) no ano passado, objetivando providências na questão da demora em marcar as consultas. Acertamos alguns itens, porém, o resultado ainda não foi o esperado, pois não foi solucionado o pactuado e não houve cumprimento das questões discutidas nas reuniões. Outro fator muito importante a ser lembrado é que os solicitantes não possuem meios próprios para irem à consulta, o que atrasa o processo de marcação e evolução na entrega do material, pois, normalmente, são feitas mais de uma consulta durante todo o processo”, esclareceu a Prefeitura, por meio de nota.

    Sem solução imediata, a vaquinha para ajudar no tratamento da Manuella continua. As doações podem ser feitas na conta da Manuella Victorya Carlos Soares, banco Itaú, Agência:8017, Conta Poupança 23909-9/500.

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