Seleção dos Estados Unidos recontrata técnico acusado de violência doméstica
A seleção masculina de futebol dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira a recontratação do técnico Gregg Berhalter, de 49 anos. O treinador não teve seu contrato renovado após a Copa do Mundo do Catar, no fim do ano passado, depois de vir à tona uma agressão contra a atual mulher, ocorrida em 1991. O comandante carregará a missão de preparar a equipe para o Mundial de 2026, que terá os EUA como sede, além de Canadá e México.
Nesta sexta-feira, Berhalter voltou a reconhecer que cometeu a agressão e pediu desculpas pelo seu comportamento. O relatório final de uma investigação independente da Federação Americana de Futebol (US Soccer) apontou que “não havia impedimento legal para contratá-lo”. A federação garantiu que a nomeação é fruto de um extenso processo de pesquisa a nível global no mapeamento de treinadores.
“Quando comecei esta busca, meu objetivo era encontrar alguém com a visão certa para levar este programa a novos patamares em 2026”, disse Matt Crocker, que foi nomeado diretor esportivo da federação em abril passado. “Gregg tem essa visão, bem como a experiência e a mentalidade de crescimento dentro e fora do campo para levar esse time adiante”.
Berhalter viveu meses turbulentos durante o Mundial do Catar. Tudo começou quando o treinador comentou publicamente que um jogador “claramente não estava atendendo às expectativas dentro e fora do campo” e que pensou em mandá-lo para casa. Tratava-se do meia Giovanni Reyna, do Borussia Dortmund, que posteriormente publicou um pedido de desculpas e revelou ser o jogador em questão.
De acordo com o The New York Times, após os comentários de Berhalter, os pais de Gio Reyna entraram em contato com a US Soccer para informar os dirigentes que o treinador já havia se envolvido em um caso de violência doméstica. Foi informado à entidade que o técnico agrediu Rosalind Berhalter, atual mulher e antiga namorada, quando eles ainda estavam na faculdade. A mãe de Reyna era amiga de Rosalind na juventude, enquanto o seu marido, Claudio Reyna, atuou pela seleção dos EUA com Berhalter nas Copas de 2002 e 2006.
O técnico dos EUA admitiu a agressão em comunicado oficial, assinado por ele e Rosalid. O técnico contou que autoridades não foram envolvidas e que buscou “terapia para crescer, aprender e melhorar” após o episódio. Ele também afirmou nunca mais ter sido violento com uma mulher e que sente vergonha da agressão até hoje. Após a confissão pública de Berhalter, a US Soccer divulgou uma nota anunciando a abertura de uma investigação independente, realizada por uma empresa de advocacia contratada, mas não foi encontrado impeditivos para a contratação. O treinador não chegou a ser alvo de processo por violência doméstica na Justiça comum.
Sob o comando da equipe nacional na Copa do Mundo do Catar, Gregg Berhalter conseguiu terminar a fase de grupos em segundo lugar do Grupo B, após vitória sobre o Irã e empates com Inglaterra e País de Gales. Foi eliminado nas oitavas de final, fase em que acabou derrotado por 3 a 1 para a Holanda.