Secretaria de Administração Penitenciária investiga ‘festinha’ em Bangu 8
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) abriu sindicância interna para apurar a entrada de um bolo na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo Penitenciário de Gericinó, conhecido como Bangu 8, no dia 21 de julho. A iguaria teria sido levada à penitenciária para uma "festinha". A secretaria investiga quem seria o destinatário do bolo: o deputado Edson Albertassi, preso desde novembro acusado de integrar esquema de corrupção para favorecer as empresas de ônibus e empreiteiras, que fez aniversário no dia 24, ou o vereador Paulo Igor, que passou cinco meses preso e deixou a cadeia nesta quinta-feira (13) e teria recebido a iguaria por conta de uma comemoração na família. Paulo Igor é investigado pelos crimes de peculato e fraude em licitação.
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A sindicância foi aberta no início de agosto e, de acordo com a Seap, as investigações ainda estão em andamento. Na apuração, a equipe confirmou que a festa aconteceu na gestão da antiga direção da unidade, que já havia sido afastada por determinação judicial devido a um caso de facilitação. Os agentes apuraram que o alimento entrou com a conivência de uma funcionária da cantina do presídio Joaquim Ferreira de Souza, no mesmo complexo, que também fornece lanches aos presos de Bangu 8. A administração da Seap determinou o fechamento por 30 dias da cantina, que atende atende o presídio Pedrolino Werling de Oliveira, como punição administrativa. A medida foi publicada no Diário Oficial.
Antiga administradora da cadeia foi afastada
A antiga administradora da cadeia, Rita de Cássia Alves Antunes foi afastada do cargo sob a acusação de ter concedido privilégios à mulher do ex-governador Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, quando a advogada esteve presa na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, entre dezembro de 2016 e março de 2017. Ela foi denunciada por improbidade administrativa pelo Ministério Público à 16ª Vara de Fazenda Pública e também será investigada no caso do bolo.
As regras para a entrada de alimentos em Bangu 8 – onde estão presos os principais presos da Operação Lava Jato – são rigorosas. Bolos só podem entrar em fatias. Além disso, não podem ter recheio e nem confeito. Após a conclusão da sindicância, a Corregedoria da Seap encaminhará cópia do relatório ao Ministério Público Estadual (MPE).
Paulo Igor foi preso no dia 12 de abril, quando ainda era presidente da Câmara Municipal. Ele foi detido em casa, no Morin, durante operação Caminho do Ouro, realizada pela Polícia Fazendária e pelo Ministério Público Estadual. Foi levado para o presídio, em Benfica e depois transferido para Bangu 8. Paulo Igor foi denunciado pelo MPE com base em processo que trata de supostas irregularidades na contratação de serviços terceirizados da empresa Hope/Elfe, em 2012. No dia da prisão, a polícia encontrou dentro da casa do vereador, escondido na banheira, cerca de R$ 155 mil e dez mil dólares. Parte do dinheiro estava separado com papéis com sigla de nomes a quem o dinheiro seria entregue.
Na última terça-feira, Paulo Igor conseguiu habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) revogando o pedido de prisão preventiva decretado em abril pela desembargadora Katya Maria de Paula Menezes Monnerat, do Primeiro Grupo de Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).