• Se Brasil crescer perto de 3%, dinâmica fiscal começa a melhorar, diz Campos Neto

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  • 30/abr 19:52
    Por Giordanna Neves e Eduardo Laguna / Estadão

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta terça-feira, 30, que se o Brasil tiver um crescimento econômico perto de 3%, a dinâmica fiscal começará a melhorar. A revisão do PIB potencial por parte dos economistas, de 1,8% para 2%, ainda é muito baixa, segundo ele.

    “Se o País conseguir sair do crescimento de 2% e ir para perto de 3%, a dinâmica fiscal começa a mudar. Se você colocar 3%, 3,5%, você vê que a dívida converge relativamente rápido. Se for 2%, aí fica com dificuldade maior. Se for 2%, você precisa ter aumento de carga tributária ou algum tipo de diminuição de gasto por ineficiência”, disse em entrevista gravada à CNN.

    Campos Neto repetiu que o orçamento discricionário do Poder Executivo é pequeno, o que torna difícil imaginar corte de gastos que não passem por mudanças na indexação e na obrigação de gastos. Ele avaliou ainda que o ajuste fiscal pela receita é menos eficiente e mais inflacionário, e disse que há um reconhecimento da classe política de que os juros estão ligados à política fiscal.

    Cenários do BC

    O presidente do Banco Central afirmou que os cenários traçados pela autoridade monetária visam guiar o mercado em momentos de incerteza. Ele avaliou que houve recentemente um movimento de ajuste de expectativa de preços em meio às dúvidas sobre o cenário externo e sobre a política fiscal no Brasil, com foco inclusive na dinâmica de trajetória da dívida pública.

    Campos Neto repetiu que a volatilidade em mercados emergentes atrapalha a transmissão da política monetária. Ele citou que o cenário global ficou mais complicado após a pandemia, período em que houve um elevado aumento de despesas em todos os países do mundo. “Na saída da pandemia, a coordenação entre fiscal e monetário está deficiente”, avaliou em entrevista gravada à CNN.

    No caso do Brasil, Campos Neto afirmou que houve um elevado aumento de despesas, mas reconheceu o esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em conter o crescimento dos gastos.

    “No Brasil tem uma forte dificuldade de cortar gastos. O governo obviamente fez alguns aumentos de gastos em relação ao que estava previsto. Aumentou bastante. É verdade também que a Câmara tem feito alguns projetos”, disse, ao reforçar que a política fiscal traz efeito para a curva longa de juros.

    O presidente do BC disse ainda que os estrangeiros estão de olho na trajetória da dívida nos próximos 5 a 10 anos, e há ainda dúvidas se o Brasil conseguirá atingir uma convergência. Campos Neto repetiu que a dívida do País está entre as mais altas entre os emergentes.

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