• Saúde tem dificuldade para atualizar dados sobre covid-19 e atrasos podem prejudicar análise da evolução da doença no município, diz MP

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  • 20/02/2021 20:18
    Por Luana Motta

    O salto no número de casos de covid-19 em análise que são divulgados diariamente no boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) tem uma explicação: os números estão acumulados. Isso, porque no período de novembro e dezembro ocorreu um aumento expressivo na procura de pacientes, tanto da rede pública quanto da privada, para realização de testes. O que fez com que a demanda aumentasse e as equipes não dessem conta de atualizar todos os dados no sistema. A Secretaria afirma que foi priorizada a atualização diária de pacientes internados e óbitos por covid-19, mas os dados sobre casos confirmados e descartados estão sendo atualizados com informações de meses passados.

    Na reunião de acompanhamento das ações sobre a covid-19, que aconteceu nesta semana, o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pediram esclarecimentos aos representantes da SMS sobre o número excessivo de casos de covid-19 em análise. A Secretaria esclareceu que há carência de profissionais para alimentar o sistema e que a previsão de normalização é para a primeira quinzena do mês de março. O Ministério Público ponderou que esse prazo é “excessivamente longo e que a desatualização de dados inviabiliza uma análise correta do desenvolvimento da doença no território, com prejuízo para as tomadas de decisão”.

    O boletim epidemiológico desta sexta-feira(19), mostra que há 8.402 casos em análise. No levantamento mensal disponibilizado no Painel Covid-19 há casos em análise desde maio de 2020.

    Casos em análise por mês:

    • Maio: 1
    • Junho: 2
    • Julho: 1
    • Agosto: 1
    • Setembro: 15
    • Outubro: 20
    • Novembro: 53
    • Dezembro: 2.098
    • Janeiro/2021: 4.349
    • Fevereiro/2021: 1.862

    Além da dificuldade na atualização de casos no sistema por parte das equipes, há o atraso nas notificações dos resultados pela rede privada. Durante a reunião, o Ministério Público sugeriu que seja criado um projeto de lei para disciplinar o processo de notificações advindas dos hospitais privados.

    Acredita-se que o aumento de casos suspeitos a espera do resultado no mês de janeiro ainda seja reflexo dos meses de novembro e dezembro, quando houve registro de aumento de casos, mas isso só será confirmado quando o sistema for atualizado com os dados atrasados.

    Em resposta, a Secretaria de Saúde afirmou que ampliou a equipe responsável pela digitação das notificações dos casos em análises de pacientes covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. E que, desde o fim de janeiro, faz mutirões diários para agilizar a atualização de dados. Segundo a Secretaria, o trabalho é necessário em função do aumento no número de notificações em novembro e dezembro.

    Ainda de acordo com a Saúde, o trabalho de mutirão aumentou o número de notificações no sistema e também o de casos que aparecem em análise no boletim.

    “Isso não significa, no entanto, que todos os casos ainda estejam efetivamente em análise. A maioria já tem o resultado do exame, mas o cadastro do paciente está sendo inserido agora no sistema. Apesar de os dados estarem sendo inseridos no sistema agora, a Secretaria de Saúde vinha acompanhando os casos. Resultados de exames recebidos foram encaminhados aos pacientes normalmente e a equipe priorizou a inserção dos dados de casos positivos no período de maior volume de notificações”, esclareceu a Secretaria.

    Segundo a Secretaria, já os casos de pacientes internados e óbitos foram mantidos atualizados, sem atraso, conforme protocolo da Secretaria, que insere os dados no sistema apenas após a confirmação do diagnóstico por exame e, no caso de morte, com apresentação do atestado de óbito. No portal da transparência da covid-19 é possível verificar a evolução da doença, mês a mês, levando em conta os dados epidemiológicos, que consideram as datas de notificações e confirmação de casos. 

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