• Saúde nomeia para diretoria ex-deputada que já foi presa por boca de urna

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  • 21/mar 15:16
    Por Juliano Galisi / Estadão

    Maria Aparecida Diogo Braga, conhecida como Cida Diogo, é a nova diretora do Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde, unidade da pasta responsável pela administração dos seis hospitais federais do Rio de Janeiro. A nomeação foi assinada por Nísia Trindade, ministra da Saúde, em edição do Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira, 18.

    Cida é ex-deputada federal pelo PT e, em 2010, quando disputava o cargo de deputada estadual no Rio, foi detida no dia da eleição sob a acusação de fazer boca de urna. A gestora já ocupava a superintendência do Ministério no Estado e acumulará as funções de Alexandre Telles, exonerado após denúncias do programa Fantástico, da TV Globo, sobre as condições de atendimento na rede hospitalar do Rio administrada pelo governo federal.

    O Ministério da Saúde foi procurado pelo Estadão, mas não havia dado um retorno até a publicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.

    Como mostrou a Coluna do Estadão, a denúncia levou a uma reprimenda de Lula a Nísia durante a reunião ministerial de segunda-feira, 18. Mesmo com a “bronca”, o presidente reforçou seu apoio à ministra e disse que a gestora tinha seu aval para “trocar quem tiver de trocar” na resolução da crise nos hospitais do Rio. Desde então, Nísia exonerou Telles e Helvécio Magalhães, secretário de Atenção Especializada à Saúde.

    Cida, nova diretora de hospitais federais do Rio, é médica e tem um amplo histórico político no PT. Iniciou a carreira pública em 1993, como Secretária Municipal de Saúde em Volta Redonda, no sul fluminense, permanecendo na função até 1996. Deixou o cargo para ser vice-prefeita da cidade na chapa que foi eleita. Em 1999, conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde permaneceu até 2006.

    Em 2004, concorreu ao comando da prefeitura de Volta Redonda, mas não se elegeu e, em 2007, foi eleita deputada federal. Naquele ano, bateu boca com o então deputado Clodovil Hernandes (PTC-SP). Cida rebateu uma declaração sexista de Clodovil e o parlamentar, em réplica, disse que a deputada era “feia”.

    Ao fim do mandato na Câmara, em 2010, Cida tentou um retorno à Alerj, mas não obteve votos suficientes. No dia da eleição, a candidata foi detida sob a acusação de fazer boca de urna, como é conhecida a prática de atos de campanha no dia do pleito, o que é proibido pela legislação eleitoral.

    Cida foi detida em flagrante por volta do meio-dia em frente ao Colégio João XXIII, em Volta Redonda. O candidato Zoinho, que disputava o cargo de deputado federal pelo PR (hoje, PL), também foi detido, sob a mesma acusação. O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) contabilizou que, naquele ano, mais de 100 autuações por boca de urna ocorreram no território fluminense.

    Pressão na Saúde

    A crise nos hospitais federais é mais um desgaste da gestão de Nísia Trindade na Saúde. A ministra tem sido cobrada pelo aumento de mortes de indígenas yanomami, pela condução de políticas públicas durante a epidemia de dengue e pela falta de traquejo político.

    Nísia está na mira do Centrão, de olho no orçamento robusto reservado para a pasta da Saúde. Em fevereiro, Nésio Fernandes foi exonerado do cargo de secretário de Atenção Primária pela ministra por pressão de deputados descontentes com a distribuição de verbas da pasta.

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