São duas lágrimas que rolam
Foi um evento muito especial – sem maiores alardes – mas há muito esperado. Depois de tantos anos, por iniciativa do sobrinho Sérgio, que reside em Portugal, realizou-se no dia 20 de maio, em Nogueira, um encontro dos netos de Maria e Octavio Pereira de Sá Fortes, que contraíram matrimônio em 1915, na distante Mantiqueira, junto à Barbacena. Naquela ocasião, se iniciava um novo tronco dos Sá Fortes, tradicional família mineira, onde geraram dez filhos que, transferindo-se para Juiz de Fora, se espalharam por B. Horizonte, Barbacena, Curitiba e São Paulo, fixando sua base em Petrópolis, na década de ´50, sendo que conseguiram ver a segunda geração de 32 netos que hoje, já se tornaram também avós, além de, ainda conosco, uma filha da primeira geração, um cunhado e duas concunhadas.
Infelizmente, por força das circunstâncias, pelo menos um terço não pode comparecer mas enviaram vídeos com suas mensagens para marcar presença. Foi um momento de muito carinho e emoção – mesmo de longe puderam participar daquele momento tão significativo para todos e a espontaneidade ficou por conta da sobrinha-neta, Lívia, de 12 anos, de Campinas, que na mensagem, lamentou: – “Eu queria ir mas não tinha ninguém pra me levar !…”
São os momentos em que louvamos ao Senhor pela dádiva de ter uma família, pequena ou grande, mas uma família unida, como raramente se vê hoje em dia e que, a mim, talvez pela idade e pela trajetória junto de tantos que deixaram saudades e que, em poucas horas, desfilaram em nossa lembrança pelo carinho da saudade e pela emoção do momento que se estende até hoje – ver o sobrinhos com seus netos e receber de todos um beijo de emoção.
E em função desse momento tão singelo, confeccionei meus conhecidos marcadores de livro, com um soneto feito para o inesquecível encontro e para que cada um pudesse agasalhar consigo, num livro ou numa agenda, com uma pequenina rosa pintada, individual e carinhosamente, em mais de 130 peças, de onde surgiram “Duas lágrimas”:
“Cento e dois anos passados agora / para comemorar este momento / com todos juntos qual um ornamento / que enfeitam a família e a decora.
Tantos rostos perderam-se na aurora / da vida e tantos outros que, mais lento, / vieram florir o nosso jardim bento, / aos poucos, devagar, sem demora.
Vale pois, que elevemos uma prece, / que muito emociona-nos e enternece / ao lembrar de tantas faces que afloram.
Assim, são duas lágrimas que rolam: / uma de saudade, outra de alegria, / louvando a união de Octávio e Maria.”
Um momento que talvez poderá se repetir num futuro bem próximo, mesmo que não estejamos mais aqui fisicamente, mas por certo sempre rolaram duas lágrimas – “uma de saudade, outra de alegria…”
jrobertogullino@gmail.com