• Salvador Fernandes: a vida dedicada à medicina

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  • 18/10/2017 09:10

    Com 66 anos de medicina, sete filhos – dos quais dois também são médicos – e uma esposa “formidável”, como o próprio Salvador Luiz Gomes Fernandes define, lembramos hoje, o Dia do Médico, a trajetória de um dos mais importantes cardiologistas de Petrópolis. 

    Nascido na Tijuca, no Rio de Janeiro, Salvador hoje tem 91 anos e a maior parte deles passou atuando na medicina em Petrópolis. Após se formar na Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, em 1950, no Rio de Janeiro, o médico ganhou uma bolsa para fazer residência nos EUA. Lá, por três anos, atuou nas especialidades clínica e patológica. Após a conclusão dos estudos, o médico conta que resolveu se mudar para Petrópolis com a esposa, Branca Maria Fernandes, que tinha família aqui.

    Trabalhou por 19 anos no Hospital Santa Teresa (HST), onde ajudou a criar a escala de plantões dos médicos, que segundo ele, não existia antes da sua chegada. Trabalhou na criação da Escola Técnica de Enfermagem, onde lecionou por dois anos e onde também foi chefe da enfermaria da Clínica Médica, entre 1960 até 1975. Durante todos estes anos, teve forte atuação no hospital. Foi também um dos responsáveis pela construção do primeiro Centro de Terapia Intensiva (CTI), em 1973, o primeiro construído fora da capital.

    Participou de vários congressos de cardiologia, alguns no exterior, como Japão, Londres e Nova Orleans. Inclusive foi durante um congresso em Frankfurt que conseguiu o apoio da Congregação das Irmãs de Santa Catarina para a construção do CTI. 

    Durante estes anos, também deu sua contribuição à Faculdade de Medicina de Petrópolis e à Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FASE), onde lecionou por seis anos. Salvador conta que no início eram apenas ele e o médico Luiz Henrique Castrioto de Cunto, que, juntos davam aulas para os 400 alunos da instituição. Segundo ele, durante todo este período, a Clínica Médica foi considerada uma das melhores disciplinas da faculdade.

    Na década de 70, o médico conta que vendeu alguns imóveis e, com o valor da venda, adquiriu um pequeno hospital, com apenas 16 leitos, na Rua Marechal Deodoro. O prédio que possuía sete andares, chegou a ter 55 leitos, durante a gestão do cardiologista.

    No entanto, durante a ditadura militar, Salvador chegou a ser perseguido. Ele conta que nesta época atuou como Secretário de Saúde durante o mandato do Prefeito Rubens Bomtempo (pai), que acabou sendo cassado por ser considerado comunista. Salvador crê que, pelo seu envolvimento na política foi também considerado comunista e, por isso sofreu as perseguições. Ele lembra com pesar de dois médicos que eram colegas de trabalho, que acabaram sendo presos durante a ditadura e desapareceram. Por causa da perseguição, muitas solicitações feitas à Prefeitura foram embargadas, e, com isso, o pequeno hospital acabou fechando as portas. Com o valor da venda do terreno, pagou as multas rescisórias dos 100 funcionários que trabalhavam no hospital. 

    O médico, sempre atuante, recebeu da Câmara Municipal de Petrópolis o título de Cidadão Petropolitano e também uma moção por sua contribuição à cidade. Em 2011, recebeu uma homenagem de mais de 700 cardiologistas do estado do Rio de Janeiro, durante um Congresso anual de cardiologistas realizado em Búzios.

    Salvador também foi presidente da Sociedade Médica da cidade, em 1973, onde também ajudou a instituir a sede da sociedade. Aposentado desde 1990, o cardiologista hoje vive com a esposa e conta com orgulho sua trajetória e de seus filhos na medicina, e nas profissões que escolheram. “Sempre me esforcei o máximo em tudo que fiz. Trabalhei durante muitos anos aqui e sempre tentei contribuir para o avanço da medicina na cidade”, disse, emocionado.



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