• Salto de investimentos após o marco do saneamento

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  • 09/01/2023 05:00
    Por Luiz Guilherme Gerbelli / Estadão

    Os indicadores de saneamento básico se transformaram num dos problemas sociais mais gritantes do Brasil. São quase 35 milhões de brasileiros sem acesso a água tratada; 95 milhões não têm coleta e tratamento de esgoto. O resultado dessa realidade é que o País registra perdas bilionárias, que passam por economia, saúde e educação.

    Aprovado em 2020, o marco do saneamento tem conseguido ampliar os recursos destinados para o setor e começa a contribuir para um cenário menos vergonhoso. Os investimentos público e privado têm crescido ano e ano e devem somar R$ 24,6 bilhões em 2023, segundo um estudo produzido pela Inter.B Consultoria.

    O marco ampliou a competição, abrindo um espaço maior para a atuação da iniciativa privada. Ao mesmo tempo, foram definidas metas ambiciosas: 99% da população terá água tratada e 90% do esgoto precisará ser coletado até 2033.

    “O marco é importante porque ele coloca a competição pelo ativo”, diz Cláudio Frischtak, sócio da Inter.B. “O resultado disso é que houve uma onda de investimentos.”

    Ao todo, 22 leilões já foram realizados desde o início do marco. Os investimentos somam R$ 55 bilhões e devem beneficiar 30 milhões de pessoas, mostra um monitoramento realizado pela Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon Sindcon).

    RUÍDO. No início do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no entanto, o setor se viu preocupado com um possível retrocesso. Uma série de atos assinados pelo presidente ampliou a insegurança do setor.

    Na reformulação realizada pela administração federal, a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) foi transferida para o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e deixou de ter saneamento no nome.

    Ao mesmo tempo, o papel de regulação foi atribuído para a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, vinculada ao Ministério das Cidades. O governo informou que houve uma confusão nas normas e prometeu recuar.

    “Apesar de a confusão inicial ter passado um pouco de insegurança, houve uma disposição para o diálogo. Eles nos ouviram rapidamente, assim como ouviram outros setores”, afirma Percy Soares, diretor executivo da Abcon.

    A regulamentação do setor é considerada fundamental para atrair investimentos privados porque existem cerca de 80 agências regulatórias municipais e estaduais espalhadas pelo País. Ou seja, a ANA tem como papel harmonizar as regras e dar segurança para o setor privado nos investimentos.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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