• Ruy Ferraz Fontes estava cansado de SP e buscou rotina ‘mais leve’ em Praia Grande

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  • 16/set 18:11
    Por Caio Possati / Estadão

    Executado a tiros na segunda-feira, 15, em uma emboscada, Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral de São Paulo, dizia estar feliz em trabalhar na Prefeitura de Praia Grande, onde era, desde 2023, secretário de Administração. À ex-prefeita Raquel Chini, que o levou para trabalhar na cidade em 2023, por exemplo, ele relatava que estava “cansado” da vida que tinha em São Paulo e que na Baixada Santista a rotina “era mais leve”.

    O prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (MDB), disse que Ruy não relatou nenhuma ameaça. “Conversei com ele na sexta-feira até umas sete horas da noite, e ele estava calmo. Nunca falou que tinha sofrido algum tipo de pressão. Ele tinha a rotina dele, chegava cedo e saía tarde”, disse. Na Praia Grande, Ruy não tinha escolta e, na segunda-feira, não estava com carro blindado.

    Ruy ficou conhecido por sua atuação contra a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele chefiou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, após ser nomeado para o cargo de delegado-geral no então governo João Doria (na época no PSDB). Em 2006, foi o responsável por indiciar toda a cúpula do PCC, inclusive Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, antes de os bandidos serem isolados na penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

    Para promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco) ouvidos pelo Estadão, “tudo indica que foi um crime de máfia”. Outra hipótese investigada pela polícia é a possibilidade de o crime estar ligado a uma licitação na Prefeitura de Praia Grande que teria prejudicado uma entidade ligada aos criminosos.

    Para Raquel Chini, é improvável afirmar que as atividades exercidas por Ruy à frente da Secretaria de Administração podem ter levado à morte do ex-delegado-geral do Estado. “Quem abre o processo de licitação são as secretarias. Ele processava os processos, mas não era responsável por organizar e aprovar, por exemplo”, disse a ex-prefeita. “Ele veio organizar as licitações e transformar os procedimentos licitatórios em pregões eletrônicos.”

    Assalto em 2023

    Em dezembro de 2023, Ruy sofreu um assalto, na Praia Grande, litoral paulista. Na época, ele já demonstrava preocupação com sua segurança e de familiares, após anos de atuação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). “Combati esses caras durante tantos anos e agora os bandidos sabem onde moro. Minha família, agora, quer que eu deixe o emprego em Praia Grande e saia de São Paulo”, disse ao Estadão após o episódio. Ele ainda apontava estar preocupado com a exposição do assalto na mídia e que sua família se sentia ameaçada.

    Ele e a mulher saíam de um restaurante e iam para casa quando foram abordados. Um dos criminosos apontou a arma para a cabeça do ex-policial. Foram roubados celulares, joias, cartões e a moto do casal. Os suspeitos foram presos em flagrante, e os bens, recuperados. Na época, Ruy já atuava como secretário de Administração na prefeitura de Praia Grande.

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